Com exceção das meninas da natação artística, dos saltos ornamentais e das anãzinhas da ginástica de solo, o restante era só baranga. Ou tô precisando retornar ao oculista? Ah, tinha aquelas meninas gregas do vôlei, com aqueles uniformes coladinhos no corpo... Uma graça! O resto, candidatas eternas ao amor platônico-meia-bomba, e olhe lá. Fiquei estupefato com os jornalistas brasileiros que cobriram as Olimpíadas. O Galvão Bueno, na abertura, parecia um Péricles discursando emocionado sobre o congraçamento dos povos. Quando surgiram no estádio as delegações das Coréias, confesso que solucei com o Bueno. Depois, durante as competições, num outro canal, um desses nossos brilhantes comentaristas esportivos não conseguia disfarçar orgasmos com qualquer derrapada de atletas norte-americanos, esses representantes do Império do Mal. Ah! E os elogios rasgados ao desempenho da China? Como brasileiro admira a China! Principalmente depois que a Lucélia Santos Escrava Engraçadinha Isaura deixou claro que a China é o país da liberdade, da fraternidade, do respeito aos direitos humanos em praças celestiais. Nem sequer foi lembrada a sacanagem do negócio da soja. Um negócio da china, diria Aristóteles. Não me lembro de quantas Olimpíadas assisti em que o resumo da ópera fica naquela de que o Brasil precisa investir mais nos esportes. A idéia dominante é a de o Estado bancar tudo, ou seja, a gente pagar a conta. Talvez uma CPMFdoE. Mas vem aí os Jogos Pan-americanos, no Rio de Janeiro! Aposto que o comitê organizador deverá nomear uma comissão de segurança centralizada em Bangu I, sob a responsabilidade do CV e coordenação, via celular, do Fernandinho Beira Mar. Bem, fico por aqui, lembrando a todos que, a exemplo do que aconteceu com o Vanderlei Cordeiro, na maratona de nossas vidas sempre haverá um Cornelius no caminho para nos sacanear. Faz parte, diria Sófocles.
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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