Ei, você aí! Você também! E você outro! Você já viu a bandeira brasileira estampada a nossa volta? Não? Então saia de dentro de casa, ande até o quintal ou até a rua e dê uma olhada em nossa Serra do Mar. Que beleza! Veja nossa bandeira estampada em todos os lugares! Verde, amarelo, azul e branco. Sim senhor! O verde da mata, o azul do céu, o branco das nuvens. E o amarelo? O amarelo surge dos ipês, que agora começam a florescer, tingindo o verde da mata com seu amarelo ouro. Vai rapaz, chame o seu filho, sua filha, sua mulher, seu pai, sua mãe, seu vizinho... reúnam-se e façam uma salva de palmas à nossa mãe natureza que por esses dias estampará a bandeira brasileira em nossa vida, diante de nossos olhos. Me orgulho de ser brasileiro. Me orgulho por morar em uma terra caiçara, cercado pela exuberante serrania da Mata Atlântica. Viva o Brasil! Viva Ubatuba! Quando não é o ipê, é o guapuruvu, ou senão a caquera e até as manacás; elas sempre dão um colorido extra a essa nossa floresta e alegra nossas vidas. Tenho medo de uma coisa! Aliás, duas coisas! Uma é essa porcaria de usina nuclear que construíram aí ao lado, dentro da nossa mata, que até agora só deu prejuízo e que, queira Deus, não aconteça uma tragédia, pondo em risco nossas vidas e as vidas da nossa Mata Atlântica. Outro dia, lá no pier do Saco da Ribeira, falava pra minha filha observar bem o morro da Ribeira. - Filha, preste bastante atenção naquelas árvores que estão proliferando naquele morro. São pinheiros. Há uns dez anos atrás, um infeliz cidadão que não sei se é brasileiro ou não, plantou na divisa de seu terreno triangular aquelas árvores e era notório aquela delimitação com pinheiros. Hoje já não mais se diferencia o que é divisa ou não, pois os pinheiros estão tomando conta do morro da Ribeira e acredito que com o avanço dessas árvores, enraizando e secando a terra, a frágil vegetação nativa irá com certeza acabar. - Lembre filha do que eu estou lhe falando hoje, daqui há vinte anos você me fale! E o morro do Cais do Porto também começa a sofrer com o mesmo problema. Se os nossos políticos, promotores e ecologistas de plantão não abrirem os olhos para esse fato, muito em breve, esses morros irão virar pinheirais, acabando assim com nossos ipês-amarelos, nossos pássaros, nossos grilos, borboletas, paca, tatu e até minhoca. Querem um conselho! Passem as mãos nas motosserras e derrubem tudo que é exótico plantado em nossos morros: pinheiro, eucalipto, e algo mais; e no lugar desses plantem ipês, guapuruvus, caqueras, urucuranas, bicuíbas, jiçaras, araçaranas, guairanas, cedros, angelins, guatambus, bacuparis, pau-d´alho, pau-brasil... Se os ecologistas de plantão, por uma fatalidade, fizerem uma ação para acabar com os pinheirais e eucaliptos plantados por aí, e reflorestarem com árvores nativas, por favor me chamem que eu irei com meu machado ajudar na ação e ainda faço a doação de duas mudas de pau-cheiroso para serem plantadas. A água pura que mina aqui, provém das infiltrações que ocorrem lá por detrás da Serra. Lá estão plantando grandes extensões de eucaliptos. Os caipiras já estão notando minas d’águas secando por lá, e breve esse problema nos atingirá aqui também. E como diz a letra da música cantada por Rita Lee: “Vai tudo virar bosta!”
|