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COLUNISTA
Eduardo Souza
07/08/2007 - 17h35
Notícias e outras considerações
 
 

A semana passada foi de lascar. Frio. Frente fria. Vinda de onde? Sim, da Argentina. Até parece vingança pelas coças que ela, ultimamente, andou tomando do Brasil, no futebol. Mas não foi de toda fria, a semana que passou. Ainda ecoava, calorosa, em meu coração, as vaias que o apedeuta presidente tomou no Maracanã.

E o que dizer dos dois atletas cubanos desertores, os boxeadores Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara: O Brasil entregou os dois infelizes à polícia de Fidel Castro. Leia aqui: Oposição quer convocar Amorim sobre deportação de boxeadores cubanos. Onde já se viu! Povo ingrato, esse de Cuba. Abandonar a ilha-paraíso para viver em país capitalista. Uns mal-agradecidos, isso sim.

Todos pela educação. Slogan que ouvi na semana passada. Até os 17 anos, todo mundo na escola. Mas... e depois? O jovem faz o quê? Vai ser militante de partidos da frente governista para conseguir o primeiro emprego? Lembrei-me, e fui desengavetá-lo, de um texto do Monteiro Lobato, de 1923, "Espingarda, sim. Mas...e a pólvora?", que está no livro Mundo da Lua. Fragmentos. Miscelânea: "Como está a nossa situação, há dela colher os frutos preconizados. Ensina a ler aos meninos e lança-os na vida sem nenhum aparelhamento técnico, como se a cartilha fosse um miraculoso sézamo abridor de todas as portas. Isso não basta. É fazer deles parasitas sociais, incapazes duma função econômica. Vão ser eleitor, vão ’cavar’, e passam a vida em procura de miseráveis empreguinhos públicos de ínfima categoria, julgando de indignas de exercício as profissões manuais. A escola pública sem o complemento da escola técnica forma nas classes baixas um estado mental correspondente ao bacharelismo nas altas. É o bacharel de 25 letras apenas, e seu anel, mas tão inútil quanto o seu colega de cima em matéria de eficiência econômica. Se ao deixar a primária, entretanto, cursasse uma escola profissional, apetrechando-se de um ofício, entraria para a vida armado em pé de guerra. E venceria. E seria para o país uma unidade de produção eficientíssima. Assim como é um crime atirar ao combate soldados desprovidos de armas, não é crime menor lançar na vida meninos desprovidos de ensino técnico. O alfabeto vale como meio, não como fim. É cartucho que para ter valor pede espingarda do mesmo calibre." O texto, embora de 1923, me parece atualíssimo. Não estaria na hora de Ubatuba investir em mais cursos técnicos voltados às vocações, às possibilidades do mercado local e regional?

Já que estamos no início de uma nova semana, aproveite para vaiar, se ainda não o fez, o apedeuta presidente. E já que citei acima o Lobato, segue outra, do mesmo livro, sobre o presidente Hermes da Fonseca: "O povo não pegou em armas para varrê-lo da presidência; fez pior: riu-se e ri-se dele." Ah, a história! Cansei.


Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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