...vou tocar num outro assunto que, na minha opinião, mostra a mais alta incapacidade de pensar, sobre a preservação do palmito. Até!

Foi assim que terminei minha penúltima crônica intitulada "Tucano com fome".

Talvez eu entre em contradição em meus pensamentos sobre o corte indiscriminado do palmito, mas vamos ver o que está se passando: temos alguns loteamentos inclusos na Serra do Mar com vegetação ainda, acredito que intacta, preservando vários pés de palmitos (loteamento Domingas Dias, Felix, Prumirim e outros). Pelas leis ambientais, para se construir nos lotes desses loteamentos é preciso que se apresente junto ao DEPRN uma planta topográfica com levantamento planialtimétrico e um laudo arbóreo mostrando as espécies de árvores existentes. Se nesse laudo aparecerem pés de palmitos, dependendo da quantidade existente e da localização, fica o proprietário impossibilitado de construir, por não poder cortar os pés de palmitos. Começa aí um grande martírio para os proprietários desses lotes: o dinheiro que eles investiram nas compras dos imóveis, o dinheiro gasto com levantamentos topográficos, projetos arquitetônicos, laudos arbóreos, documentos, geração de empregos, o sonho de ter uma casa próxima à praia etc. etc. etc. tudo acabado por causa de alguns pés de palmito. É aí que, na minha opinião, existiu a mais alta incapacidade de pensar sobre a preservação do palmito!

Faço aqui perguntas que não são só minhas: por que a lei que proíbe o corte de palmito, atinge também lotes em loteamentos aprovados? Por que não adequaram a lei propondo que em lotes onde existam pés de palmito, para cada pé que seja necessário retirar para se edificar, seja replantado dez, vinte, cem... na faixa de área destinada à preservação? Isso não seria mais justo para o contribuinte? Isso não contribuiria mais com a natureza e com a preservação da espécie do palmito?

Quero estar errado, mas deve existir muitos donos de lotes nessa situação que antes de entrar com aprovação e licenciamento nos órgãos ambientais cortam os palmitos, talvez até peçam para os índios guaranis fazerem esse favor. E aí, como ficam os palmitos, como ficam os passarinhos, como fica a preservação da espécie???

Estamos ainda num processo educacional e de formação de consciência ecológica para aceitarmos uma lei como essa que proíbe construir num lote por causa de alguns pés de palmito. Talvez essa consciência levará algum tempo para se formar, pois acredito não ter como entrar na cabeça de quem tem lote para construir e não poder, por causa de alguns pés de palmito, enquanto que os índios guaranis podem cortar e comercializar livremente o palmito jiçara.

Até que os estudiosos ambientalistas e ecologistas de plantão (atrás dos balcões recebendo altos salários) provem o contrário, se não houver uma ressalva na lei, a lei atual está junto com os índios guaranis e cortadores invasores ajudando a acabar com o palmito jiçara e extinguindo os pássaros que se alimentam do coco dessa palmeira. Acho até que isso é coisa de corinthianos sofredores que realmente querem acabar com as palmeiras e com os periquitos das palmeiras, se bem que, de um tempo para cá, o mascote do palmeiras é o porco.

- É brincadeira?

E como diz Macaco Simão, o esculhambador geral da República:

- Esse é um país da piada pronta!

Pois é minha gente, é mole ou quer mais? Se quiserem mais, na próxima semana irei levantar uma questão sobre outra lei ambiental que está aí atazanando donos de lotes, engenheiros, arquitetos, pedreiros, carpinteiros... que precisam trabalhar e que, por causa desses "pensadores" ecológicos, sofrem tentando sobreviver nessa cidade. Até!