Vão pensar que é algum político do PSDB que esta passando fome! Político passando fome? Quando isso acontecer o resto do povo já estará morto e enterrado. Estava em meu pequeno mezanino. em cima da sala. Ouvia a televisão que estava ligada. De repente um som não comum adentrou aos ouvidos: qurééé, qurééé, qurééé... Pensei que esse som vinha da televisão. Mas não! Meu amigo Manoel, que estava no trato do quintal, alertado chegou falando: - Julinho, Julinho, tem um tucano no pé de tarumã! Desci correndo para ver o pássaro. Era um do bico verde. Bicho lindo e já raro de se ver. Deu mais uma dúzia de gritos e saiu arisco pro lado do Bela Vista. Fiquei pensando o que faz um pássaro desse em área urbana? Atravessando de um morro para o outro, isso ele faz tranqüilamente e sem riscos, voando pelas grimpas! Provavelmente o motivo seria único: a fome. Vou comprovar esse fato. O palmito jiçara dá como fruto, cachos de coquinhos. É uma frutinha das mais importantes e preferidas dos pássaros da Mata Atlântica. Dá o ano todo, ou seja, ela vai amadurecendo em “camadas” nos morros. Em março ela está madura até a cota dez (várzeas e planícies); em abril e maio até a cota 40; em junho/julho até a cota 100 e, assim, até o final do ano, atingindo o mais alto cume da serra, num ciclo alimentar que não deixa os pássaros, tanto de ar como de chão, passarem fome. O palmito é diferente de outras árvores que tem sua época de frutificar. O que esta acontecendo? Os homens (invasores migrantes e índios guaranis) estão, com um só golpe de facão, cortando o palmito e o ciclo de alimentação das aves. Será que os ambientalistas de plantão, a Polícia Florestal, os promotores e juízes, as ong’s ecológicas etc., não sabem desse fato? Sabem sim, e fazem vista grossa. Se o palmito jiçara é considerado espécie em extinção e tem lei para protegê-lo, para que possa alimentar as aves de nossa mata, por que é que ainda tem índio cortando palmito? Semana passada, recebemos aqui, em Ubatuba, um pessoal da cidade de Cananéia – extremo sul do litoral paulista (projeto OLHAR CAIÇARA). Um desses, meu amigo Amir, levei para conhecer a feira livre, na praça BIP, e o mercado de peixes. Amir ficou indignado em ver os índios guaranis vendendo palmito jiçara livremente no mercado e falou que esse comércio, há muito tempo, foi proibido lá na região de Cananéia. Isso ele tornou a relatar no programa Fogão de Lenha na rádio Costa Azul, daquele sábado. Relatou ainda que lá em Cananéia precisou uma ação popular perante o Ministério Público Federal para por fim ao corte de palmito pelos índios guaranis. Quantos pássaros já sumiram e estão se extinguindo de nossas matas em função do corte de palmitos? A que altitude, na serra, ainda sobrevivem alguns pés de palmitos? Onde vão parar os tucanos, as arapongas, os jacus, os sabiás, as baitacas e periquitos??? Alôôôôôô Calos Rizzo, se os nossos “ambientalistas de plantão” não tomarem providência, em pouco tempo não vai ter nem grilo para se observar nessa nossa Mata Atlântica! O futuro de Ubatuba está condicionado ao turismo ecológico, onde índios e brancos irão sobreviver dessa nossa flora e fauna. É necessário que principalmente os “ecologistas de plantão” conscientizem-se e façam conscientizar os índios e imigrantes invasores da mata a não cortar o palmito jiçara. É hora de um basta! (Na próxima semana vou tocar num outro assunto que, na minha opinião, mostra a mais alta incapacidade de pensar, sobre a preservação do palmito. Até!)
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