Ubatuba no tempo da dengue
Ainda há pouco assisti, na TV Vanguarda, a propaganda da Prefeitura Municipal de Ubatuba no combate à dengue. A propaganda (que acredito ter sido paga pelos cofres públicos) mostrou a ação de combate à dengue, no último final de semana. O feito contou com um batalhão de quinhentos homens da Polícia Militar do Estado de São Paulo, voluntários, funcionários públicos e outros agentes. Apesar de tardia (mas antes tarde do que nunca), mesmo assim parabenizo a Prefeitura nessa ação de combate à dengue. O que eu observei nessa ação foi, na verdade, acredito que em mais de oitenta por cento, um trabalho de panfletagem de conscientização, isso que as TV’s, as rádios e os jornais há muito tempo vêm fazendo. No sábado, parte desse batalhão (seis viaturas e uns trinta homens) estacionaram na rua Cunhambebe, entre a casa de meu pai e a escola Taba. Meu pai, do alto de seus setenta e sete anos, e “dengoso”, falava com um tenente: - Olha meu senhor, "a dengue não sabe ler", vocês têm que entrar nas casas e terrenos e vasculharem tudo, por baixo e por cima para descobrir onde o bicho está. Esse negócio de entregar papelzinho não adianta nada! Olha aqui... - Continuou meu pai. - Entre nesse caminho e veja a sujeira e o matagal no terreno do vizinho, lá nos fundos... Isso foi no sábado. Na segunda-feira minha mãe apresentou a doença. Em seguida, uma comadre e um compadre de meus pais, lá no final da rua Gastão Madeira, também já estavam acamados com a doença. Meu pai tem razão, "dengue não sabe ler". Essas ações, que estão fazendo por aí, já tiveram o seu papel, a sua importância. Agora é hora de tornar a ação EFICAZ. Como diz meu pai: têm que fazer um trabalho de "macuco varredô"; ou seja, fazer realmente uma varredura nos locais onde o mosquito esta agindo. Onde são os locais? Mais do que eu, a Vigilância Sanitária e a Saúde sabem muito bem onde são os focos. Eles estão no centro, nas margens do aeroporto e vizinhos desses. Qual seria a ação? Chamem novamente os quinhentos homens da Polícia Militar para que armados com centenas de nebulizadores, inseticidas, escadas, vassouras, cloro, roçadeiras, foices, enfim, o que for necessário, vasculhem cada metro quadrado de quintal e telhado, examinem as valetas de águas pluviais e ainda retirem as bromélias existentes nas árvores dessas regiões afetadas pelos mosquitos. Ah, isso é difícil? Difícil nada! Basta ter vontade e um chefe que dê a ordem! Difícil é sentir os sintomas do bicho. Difícil é ficar dez, doze horas na Santa Casa para ser atendido. Difícil é ver uma pessoa morrer! Difícil é ver a nossa Saúde na UTI. Isso sim é difícil. Não podem existir dificuldades e nem barreiras para se combater uma doença. Nada neste mundo é mais importante do que nossa saúde. Não importa se não tivermos carnaval, encenação da Paixão de Cristo. Não importar se não tivermos os Jogos Regionais, enfim, o que importa e o que deve estar em primeiro lugar é a nossa saúde, o resto não tem pressa. Não tive coragem de deixar minha mãe na Santa Casa para tomar um frasco de soro e se fortalecer contra o vírus da dengue. (Fiquei pensando em quem não tem outra alternativa.) Político em campanha fica três meses fora de casa, emagrece e fica feio. Se nossos vereadores, nosso prefeito, nosso deputado, se desdobrassem (assim como em campanha) para trazerem médicos e equipamentos da Polícia Militar e do Exército, para atenderem com maior rapidez e aliviar nossos doentes “dengosos”, eu tiraria o chapéu para esses senhores políticos. Mas... acho que isso nem passa pela cabeça fraca dessa turma!
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