Há algum tempo não escrevo para esta revista. Não é por falta de tempo; mas de vontade, que anda ressequida por causa deste calor senegalesco (gosto deste clichê). Durante todo esse tempo, deixei as idéias, os assuntos irem entrando na gaiola do bestunto. Ficou cheia, difícil de escolher os mais gordos, os mais emplumados. Para complicar, todas as vezes que escolhia um para depenar, lá vinha o tal do aquecimento global. É a vedete do momento, cheia de plumas e paetês. Uma unanimidade mundial. Não vi, na grande mídia, nenhuma opinião oposta, nenhum debate sério, nenhuma contestação, como é de praxe nas coisas da ciência. Consenso absoluto. Até a patroa deixou o feijão queimar na panela, entretida que estava diante da TV, ouvindo as profecias apocalípticas do tal aquecimento global. É mole? E eu cá cheio de assuntos para escaldar, depenar, consertar, cozinhar e servir aos queridos degustadores d’O Guaruçá. Queria, por exemplo, escrever sobre a reinauguração do Museu Caiçara e fazer uma apologia ao Julinho Mendes pela participação nesse projeto e também pela dedicação desse caiçara em preservar - praticamente sem nenhum apoio governamental - a memória, a cultura ubatubana. O Museu Caiçara poderia se tornar um excelente atrativo turístico; mas ainda não chegamos à compreensão de que a cultura está intimamente associada ao turismo, de que é preciso investir em cultura porque ela agrega valores à atividade turística. É importante frisar que, nesse aspecto, entendo cultura em sentido mais abrangente e não só no meramente folclórico. E, por falar em folclore, em cultura caiçara, onde é que anda a nossa expert, a Fátima de Souza? Ia escrever sobre essas coisas, mas o aquecimento global vinha e... plaft em meu cérebro. Sim, tomei umas Brahma Extra (a Sol, evitei tomar com medo de agravar o aquecimento), mas não passou. O aquecimento global continua ciscando em meu cérebro. Um outro assunto, que quase me fez pegar da esferográfica, foi a notícia de que pretendem "revitalizar" os nossos cemitérios. Li no jornal A Semana, de 3 do corrente. Logo me veio as imagens daquela minissérie da Globo, baseada na obra do Érico Veríssimo - Incidente em Antares -, dos mortos fazendo discursos num coreto, contando os podres da cidade... Ah, tem também o assunto da dengue que anda preocupando muita gente, principalmente os moradores do centro da cidade. Ia escrever sobre todas essas coisas, mas o danado do aquecimento global continua me picando. E já que ele não pára de me causar efeito estufa na cachola e obnubilar os outros assuntos que tinha para escrever, remeto os estimados leitores para alguns textos, logo abaixo, que mostram o que a TV e os principais jornais omitem sobre o aquecimento. Como praticamente estamos no Carnaval, melhor aquecimento do que sair no Bloco O Guaruçá não há. Cantem comigo: "O guaruçá é um caranguejo amarelinho Vive na praia dentro de seu buraquinho (bis) Sai guaruçá De dentro de seu buraquinho (bis)" · Clima de medo: alarmistas do aquecimento global intimidam cientistas discordantes · Um pouco do que dizem os "céticos" - Parte I · Uma verdade inconveniente sobre o aquecimento global · Václav Klaus sobre o aquecimento global
Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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