Boa parte das grandes construtoras não concebe um empreendimento sem um arquiteto de interiores. Além da cuidadosa e detalhada apresentação gráfica da planta, opinamos no projeto arquitetônico como um todo, desde a divisão dos ambientes nas áreas privativas e comuns, escolha de acabamentos e equipamentos, decoração e mobiliário das áreas sociais, itens incluídos na proposta de venda de qualquer lançamento imobiliário.

Tudo começa com a apresentação do projeto. Quando não se tem um apartamento pronto, decorado, é fundamental a apresentação da planta, com o máximo de detalhamento possível. Só assim, quem pretende investir uma ou mais centenas de milhares de reais em um produto imobiliário poderá ter noção do que está comprando. Um material gráfico bem apresentado, com informações claras, de fácil leitura e compreensão, é imprescindível para a comercialização de um edifício em qualquer fase do empreendimento, desde o lançamento. Mostrar graficamente um imóvel é uma ferramenta importante para cativar um cliente potencial e essa é uma tarefa do arquiteto de interiores.

Especialistas em marketing defendem a experimentação do produto antes da compra como forma de conquistar consumidores. Chamado de "marketing de experiência", suas técnicas se consagraram no test drive da indústria automobilística, na degustação oferecida por fabricantes de alimentos em supermercados, e em diversas outras áreas de consumo. No mercado imobiliário, isso começa com a visualização da planta detalhada do imóvel e vai até o apartamento decorado no estande de vendas - quando realmente o cliente pode "experimentar" o que vai comprar.

É possível afirmar que a qualidade de vida das pessoas em grande parte depende da qualidade dos espaços que habitam. O desenho arquitetônico organiza a rotina, permite que se economize tempo e energia. Imagine um apartamento bem equipado, com circulações resolvidas, articulações inteligentes, iluminação agradável e conforto térmico adequado... Imagine conseguir demonstrar tudo isso ao provável comprador de um imóvel... Esse é o grande potencial do desenho arquitetônico e a base do trabalho do arquiteto de interiores, que estuda criteriosamente todas as variáveis para propor uma arquitetura simples, harmoniosa, prática. Acima de tudo, uma arquitetura voltada para o homem e suas necessidades.

As soluções estéticas em geral são extraídas do próprio sistema construtivo, otimizando recursos e reduzindo custos. O projeto de interiores pode, por exemplo, através da utilização adequada de cores, identificar volumes e planos interessantes, definir circulações, evidenciar profundidades, ampliar espaços. Um simples desenho no piso poderá orientar a circulação de pessoas, unir dois espaços. Rebaixar parte do forro poderá transformar um ambiente, tornando-o mais acolhedor.

Construtoras e incorporadoras de grande porte no Brasil utilizam os recursos da arquitetura de interiores como ferramentas de vendas há quase duas décadas, que inclui assessoria ao empreendedor no planejamento estratégico e constante auxílio na tomada de decisões durante a fase de definição do produto para lançamento. Isso potencializa vendas, pois os produtos são melhor orientados ao público-alvo, o que ajuda o empreendimento a enfrentar exigências cada vez maiores dos consumidores, com estudos adequados de otimização dos espaços das áreas sociais (salões de festas, churrasqueiras, áreas infantis), e propostas gráficas que destacam o diferencial das plantas e equipamentos (mobiliário etc.).

Muitas vezes as unidades remanescentes de um empreendimento chegam a 20% do total. Está provado que estas são mais facilmente comercializadas em projetos marcados pela atuação do arquiteto de interiores, ou seja, que exibem ao final da construção apartamentos com bom acabamento e áreas sociais visivelmente interessantes. O empreendimento pronto, afinal, é o próprio cartão de visitas de construtores e incorporadores.