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COLUNISTA
Eduardo Souza
16/06/2004 - 08h01
Reagan e a Festa Junina na Granja
 
 

Ao assistir o funeral do Ronald Reagan pela CNN em espanhol, a certa altura, imaginei a reação de socialistas por este mundo afora que também o estivessem assistindo. Risinhos nervosos no canto da boca, tentando esconder o ressentimento, e depois pontificarem dizendo que tudo não passou de mais um show hollywoodiano. Não podem dar o braço a torcer diante do galã dos filmes B de Hollywood que se tornou um dos maiores presidentes dos EUA e que botou abaixo, com a ajuda da Dama de Ferro, a alvenaria já apodrecida e encharcada do sangue e da liberdade de milhares de vítimas inocentes, submetidas à experiência mais insana e criminosa da humanidade: o socialismo, o comunismo da URSS. A China não fica atrás, e o Estado coletivista do nacional-socialismo alemão e do fascismo italiano também, mas estes caíram na porrada, graças também à intervenção norte-americana.

A certa altura, quando um comentarista da CNN, um tal de Openheimer, depois de reconhecer o papel fundamental de Reagan e Margareth Tatcher na Queda do Muro de Berlim, criticou o fato de a gestão Reagan ter melhorado as condições de vida dos ricos e da classe média não fazendo o mesmo com os pobres, e não deu para entender direito se se referia aos pobres norte-americanos ou aos pobres do mundo, senti engulhos. Blagh! Sei ao certo é que ele não mencionou o estado de pobreza, de miserabilidade do Leste Europeu, fruto da aventura socialista, comunista ou o que seja. Aliás, todos os países que adotaram o planejamento estatal da economia ou o Estado coletivista conseguiram não muito mais do que distribuir igualitariamente a pobreza enquanto as nomenklaturas viveram e vivem à tripa forra.

Já que estamos falando de solenidade, não poderia deixar de passar batido o arraial na Granja do Torto. Nada hollywoodiano. Mais para Cinema Novo, talvez... Assisti a reportagem pelo Jornal Nacional, órgão de propaganda oficial do governo petista. Gilberto Gil trajado à caipira, de chapeuzinho de palha desfiado na ponta da aba, camisa xadrez e aquelas trancinhas no cabelo... Uma graça! Será que tudo aquilo também é obra do Duda Mendonça? Um amigo perguntou-me se teria havido porco engraxado, pau-de-sebo e quentão. Pode? Mas, gente, não é emocionante de se ver gente como a gente no pudê? Puis é então...


Nota do Editor: Eduardo Antonio de Souza Netto [1952 - 2012], caiçara, prosador (nas horas vácuas) de Ubatuba, para Ubatuba et orbi.
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