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Ano 1 - Nº 12 - Ubatuba, 13 de Setembro de 1998
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O outro lado do Caminho de Santiago de Compostela
    Ricardo Yazigi, de Santiago de Compostela
    ryazigi@iconet.com.br


Onde vai aquele romeiro?
Meu romeiro, onde irás?
Caminho de Compostela, não sei se ali chegarás!
Os pés levas cheios de sangue, já não podes mais andar ...

D. Gaiferos 

Os versos de D. Gaiferos refletem bem o espírito do peregrino que enfrenta o Caminho de Santiago de Compostela. O peregrino é essencialmente um religioso cujo objetivo deverá atingir a qualquer custo. Ao contrário do que se pensa, você poderá fazer o Caminho dos peregrinos sem ser por motivos religiosos, e acabar por desfrutar da arte, paisagem e do contato com os povos de diferentes costumes e regiões que encontrará no trajeto.

Existem várias formas de você percorrer o Caminho: andando a pé, bicicleta, a cavalo, ou até de carro, transporte este rejeitado veementemente pelos peregrinos fiéis. Para os religiosos e românticos as únicas opções são, ir andando ou a cavalo, para os amantes do esporte a grande opção é a bike, mas e para aqueles que querem apenas fazer um turismo alternativo? Bem, aí a solução pode ser o carro. Nada impede que se faça o Caminho de Santiago de carro, podendo-se até andar alguns trechos mais interessantes, a pé. É óbvio que essa sugestão foge completamente ao espírito do Caminho, entretanto não deixa de ser um belo passeio turístico para aqueles que querem curtir uma viagem diferente.

· UM POUCO DE HISTÓRIA...

Segundo a lenda, o apóstolo Santiago, filho de Zebedeu, foi para a Espanha para pregar o evangelho, chegando até o rio Ulla, tendo sido decapitado por Heródes Agripa em seu regresso à Palestina. No ano 44 seus discípulos transladaram seu corpo até o principal porto romano da região de Iria Flávia, enterrando-o num bosque onde levantaram um altar sobre uma arca marmórea. Com as perseguições e proibições para visitar o lugar, perdeu-se a memória do mesmo até que em 813, o eremita Pelayo, observou cânticos no local, avisando o bispo de Iria Flávia, que então descobriu os restos do apóstolo, identificados pela inscrição de sua lápide, sobre a qual se construiu posteriormente a catedral de Santiago de Compostela.

A partir do século XI, a cidade de Santiago exerceu uma forte atração no cristianismo europeu, atraindo reis, santos, príncipes e milhares de peregrinos cristãos que através do Caminho de Santiago, objetivavam repetir a rota que o apóstolo fez na pregação do Evangelho, chegando-se até os seus restos mortais na catedral da cidade de Santiago.

Pedrafita do Cebreiro - Techo mais difícil do Caminho Paisagem típica do Caminho Caminho passando pela rodovia Peregrinos de bicicleta
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Ricardo Yazigi e Peregrinos Mapa indicativo do Caminho Burgos - Parada obrigatória do Caminho Burgos
 
· SOBRE O CAMINHO

Existem algumas variações do Caminho de Santiago, entretanto a mais tradicional é a que se inicia em Saint-Jean de Port, na França. É bom ir preparado psicologicamente para algumas surpresas. Muitos não sabem que uma boa parte do caminho passa por rodovias muitas vezes movimentadas e de acostamentos estreitos. Há trechos onde os peregrinos deverão ter muita cautela para evitar acidentes. Algumas vezes quando o Caminho é nas próprias rodovias, existe uma estrada de terra paralela especial para os peregrinos. Normalmente, nesses casos, os ciclistas preferem mesmo as rodovias. A maior parte do Caminho é em trechos planos, mas existem pedaços onde o saúde do viajante será testada a toda a prova. Um dos trechos mais difíceis é o de Pedrafita do Cebreiro, onde terá que se vencer 16 longos quilômetros de encostas íngremes, com mato alto e muitas vezes densos nevoeiros. Para quem conseguir, o prêmio será conhecer um pequeno povoado primitivo, cujas casas são palhoças semelhantes às ocas de nossos índios.

Ao longo do caminho você vai encontrar inúmeros albergues que acolhem gratuitamente os peregrinos. De uma maneira geral, são simples, mas muito limpos e alguns possuem até uma boa estrutura. Os albergues são dos mais variados tipos e são também chamados de refúgio. Podem ser igrejas, casas paroquiais, monastérios, praças municipais para acampamentos, colégios, hospitais antigos ou locais municipais. Mas se você é daqueles que gosta de conforto, quase sempre encontrará um parador ou um hotel de categoria turística ou luxo para hospedar-se. Existem muitos peregrinos - principalmente os mais idosos - que preferem essa segunda opção, para tornar a viagem menos cansativa.

O número de atrativos, durante o percurso, é muito grande. São centenas de igrejas, ruínas, castelos, pontes medievais, museus, conventos, santuários, praças, monastérios e paisagens, que na maioria das vezes, despertam interesse e enchem os olhos e a alma do viajante.
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