Ilha Anchieta
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Carta-Imagem: © INPE | | Foto: © Paulo Moraes |
HISTÓRIA
Habitada por índios, dentre os quais, Cunhambebe, desde que se tem conhecimento, a ilha Anchieta recebeu os primeiros colonizadores ingleses, franceses e holandeses aproximadamente no ano de 1600.
Suspeita-se que por volta de 1803 começaram as primeiras construções do que mais tarde viria a ser o presídio da então ilha dos Porcos. Um pequeno destacamento do exército português foi enviado à ilha para tomar conta das edificações.
Em 1850 a ilha serviu de base naval para cruzeiros ingleses encarregados da caça aos navios negreiros.
No início de 1870 a ilha já estava bastante povoada e tinha plantações de café, cana e até engenhos de pinga.
Em 1905 a ilha dos Porcos é escolhida para construção de uma colônia penal pelo presidente Afonso Augusto Moreira Pena e pelo governador Jorge Tibiriçá (Presidente do Estado).
Em 14 de fevereiro de 1907 é assinado e decretado o regulamento do presídio e em abril começam a chegar os primeiros detentos. As atividades continuaram até 1914, quando, por motivos políticos, o presídio foi desativado e transferido para Taubaté. Apenas em 1928 a colônia penal da ilha dos Porcos foi reativada, desta vez com mais importância dentro do cenário penitenciário nacional. Nesse rumo, é transformada em presídio político no ano de 1931.
Em 1934 o presidente Getúlio Vargas, através de seu interventor Armando Sales de Oliveira, altera o nome da ilha para Anchieta.
No início da década de 40, acontecem reformas nas edificações e um represamento de água potável para a criação do Instituto Correcional da Ilha Anchieta, que em 1943 já abrigava 273 presos e serviu de presídio para japoneses do movimento Xindô-Remei.
Em 1952 acontece a "Grande Fuga". Sob a liderança de Pereira Lima, Faria Lima, Diabo Loiro e China, 107 presos fogem do presídio, abrindo caminho a balas pela praia num confronto que matou 8 soldados e 4 funcionários penitenciários. Foi a maior evasão de detentos da história carcerária mundial. Relatos de presos se entregando e, mesmo assim, sendo massacrados até a morte e de presos fiéis ao presídio lutando ao lado dos policiais são encontrados até hoje em obras que tratam do assunto.
Em 1955 o presídio é desativado definitivamente e apenas em 1969, por um projeto chamado FUMEST, suas ruínas são transformadas em atração turística pelo governador Abreu Sodré. Em 1984 o governador Franco Montoro decreta o local Parque Estadual da Ilha Anchieta. Até hoje, a ilha é o maior pólo turístico de Ubatuba. Em 1999, passou por uma reforma que recuperou instalações de infra-estrutura turística.
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Foto: © Paulo Moraes | | Foto: © Paulo Moraes |
O PARQUE ESTADUAL DA ILHA ANCHIETA
Um parque estadual é uma área geograficamente delimitada, dotada de atributos naturais excepcionais, objeto de preservação permanente. Os parques estaduais destinam-se a fins científicos, culturais, educativos e recreativos, constituindo-se bens do Estado e destinados ao uso do povo.
O objetivo principal de um parque estadual é a preservação dos ecossistemas e da diversidade genética. No caso do parque da Ilha Anchieta, hoje integrado à rede de Unidades de Conservação administrada pela Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo através do Instituto Florestal.
O parque ocupa a totalidade da ilha e, além de proteger as riquezas naturais, preserva o rico patrimônio histórico-cultural representado pelas ruínas do presídio e suas instalações.
Ao visitar a parte histórica do parque, o visitante contribui com uma pequena taxa de ingresso, destinada à conservação e melhoria da infra-estrutura e visitação.
Através de duas trilhas principais, a trilha da Prainha e a trilha da praia do Sul, o visitante percorre a Mata Atlântica em seu formato original. A flora variada inclui árvores altas como figueiras, capixinguis, guapuruvus e outras como ipês, tapiás, palmiteiros e brejaúvas, todas com troncos povoados por orquídeas, samambaias e cipós.
Diversos animais encontram abrigo e alimento nessa mata, como capivaras, pacas, cotias, macacos-prego, sagüis, quatis, gambás, lagartos, preguiças e tatus. Levantamentos científicos constataram a presença de mais de 50 espécies de aves, entre as quais, sabiás, juritis, tangarás, tiés-sangue, coleirinhas, saíras, bem-te-vis, beija-flores, atobás e gaivotas.
O PONTO TURÍSTICO MAIS VISITADO DE UBATUBA
Localizada a 600 metros do continente, a ilha Anchieta reúne em sua paisagem componentes contrastantes. A beleza das praias de águas límpidas, o antigo presídio e o Núcleo de Atividades do Projeto Tamar são as principais atrações do local, que na alta temporada recebe turistas diariamente.
Além disso, e um dos fatores mais importantes para torná-la um verdadeiro paraíso ecológico, foi criado o Parque Estadual da Ilha Anchieta, com área de 828 hectares, sendo um dos poucos parques insulares com terras totalmente de domínio público. A vegetação da ilha é remanescente da Mata Atlântica, que foi repovoada com animais silvestres, com o objetivo maior de preservar a fauna e a flora originais do local.
Apesar da pesca ser proibida, as praias da ilha, todas belas e selvagens, são ideais para os praticantes de mergulho, pois suas águas oferecem uma boa visibilidade para observação das várias espécies marinhas que habitam a região.
No dia 15 de novembro de 1997, na praia de Leste, foi realizado o afundamento da estátua de Jacques-Yves Cousteau (homenagem ocorrida durante o 1º Encontro de Mergulhadores de Ubatuba).
O presídio, desativado, passou a ser o ponto turístico mais visitado de Ubatuba. Para conhecer as ruínas e outras maravilhas da ilha, como a praia do Sul, basta embarcar nas escunas que partem do Saco da Ribeira ou da praia do Itaguá, que oferecem um bom serviço a preços acessíveis.
Dentre todas as belezas, existe ainda o Projeto Tamar, que encanta pelo belo trabalho de proteção das tartarugas. Estes animais marinhos vivem em tanques e recebem cuidados de técnicos especializados.
Visitar a Ilha Anchieta é antes de tudo um aprendizado. Vale a pena conferir!
FONTE | Lita-Jacques Chastan em "São Paulo - Litoral Norte - Ilha Anchieta", Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo - Governo do Estado e Jornal "A Cidade" |
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