O Projeto Tamar
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Foto: © Centro TAMAR | | Foto: © Centro TAMAR |
O QUE É O TAMAR
Um pouco de história
O próprio nome já diz: TAMAR é um projeto para a preservação das TArtarugas MARinhas.
Até 1979 não havia, no Brasil, nenhum trabalho de preservação dos animais do mar. As tartarugas marinhas estavam desaparecendo rapidamente, por causa da matança das fêmeas e coleta de ovos, quando elas vinham até às praias para desovar, e devido à captura em atividades de pesca.
Surgiram várias denúncias, inclusive de outros países, e o governo criou o Projeto Tartaruga Marinha.
O primeiro cuidado foi pesquisar, durante dois anos, as espécies de tartarugas existentes no país, os locais onde faziam a desova, o período de reprodução e os principais problemas relativos à preservação das tartarugas.
Assim começou o PROJETO TAMAR, ligado ao IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, órgão do Ministério do Meio Ambiente e auxiliado por várias organizações não governamentais (ONGs).
O projeto foi crescendo e a administração ficando complicada, porque envolvia muitas organizações. Por isso em 1988 decidiu-se criar uma fundação independente, a Fundação Pró-TAMAR.
Hoje a Fundação e o IBAMA fornecem o suporte necessário para o Projeto TAMAR proteger as tartarugas marinhas em cerca de 1.000 quilômetros de praias em todo o país.
A proteção legal
O histórico das leis de proteção às tartarugas marinhas começa em 1970, com a lista do IBDF de animais ameaçados de extinção que inclui as espécies tartaruga de couro (Dermochelys coriacea) e tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata).
Em 14 de outubro de 1982 a portaria Nº 17 da SUDEPE amplia a proibição da captura para a tartaruga cabeçuda (Caretta caretta) e oliva (Lepidochelys olivacea). A mesma portaria já proíbe a coleta e comercialização de ovos e produtos feitos de tartaruga marinha.
Outra portaria da SUDEPE, Nº 005 de 31 de janeiro de 1986 proíbe a captura de quaisquer espécies de tartaruga no Brasil. Em 1989 a nova lista de animais ameaçados de extinção do IBAMA inclui as cinco espécies de tartarugas marinhas existentes do Brasil. O CITES (Comitê Internacional do Comércio de Espécies Ameaçadas de Extinção), com o qual o Brasil é signatário, também proíbe a comercialização e abate das cinco espécies existentes no nosso país.
COMO FUNCIONA O TAMAR
Um trabalho de base...
As 22 estações de trabalho espalhadas pelo litoral brasileiro são dotadas de estrutura operacional proporcional às demandas locais, variando o número de pessoal, porte das estruturas físicas e volume de operações. Essas bases estão vinculadas a 5 sedes regionais: Ubatuba - SP, Regência - ES, Praia do Forte - BA, Pirambu - SE e Vila dos Remédios - FNRN, que são dirigidas por uma coordenação nacional, centralizada na Praia do Forte - Bahia.
Ao longo dos seus 15 anos o TAMAR foi aperfeiçoando sua forma de trabalho, buscando soluções criativas para o trabalho de preservação das tartarugas marinhas.
Programas de estágio
Em todas as suas bases o TAMAR desenvolve programas de estágio, destinados à formação e aperfeiçoamento de estudantes e recém-formados nas áreas de Biologia, Engenharia de Pesca, Oceanografia e outros cursos que enfoquem a questão ambiental. Cinqüenta estagiários são treinados por ano, durante o período de desova, de setembro a março, e recebem alojamento e ajuda de custo para despesas básicas.
Através desses programas de estágio o TAMAR procura disseminar, junto ao meio acadêmico, uma filosofia de envolvimento em programas de conservação da natureza.
Programas comunitários
A degradação ambiental, a pesca predatória, o roubo de ovos e a caça às tartarugas eram as maiores ameaças à sobrevivência das tartarugas marinhas. Ações de repressão não seriam adequadas para resolver o problema, porque os pescadores caçavam para se alimentar ou para vender a carne e o casco. A solução seria encontrar novas fontes de renda para os pescadores, para que campanhas de conscientização referentes à preservação de tartarugas dessem resultados.
Por isso o TAMAR desenvolveu Programas de Educação junto às comunidades localizadas nas áreas de preservação, contratando pescadores para auxiliar o trabalho. Esses pescadores, chamados "tartarugueiros", patrulham as áreas de proteção, fiscalizando os ninhos. São cerca de 250 pessoas, funcionários do Projeto, cada um responsável por 5 km de praia. Quase sempre estes "tartarugueiros" são pescadores que antes colhiam ovos de tartaruga e abatiam as fêmeas quando elas subiam às praias para desovar. Hoje em dia, usam a prática adquirida para localizar os ninhos e ajudar na preservação das tartarugas marinhas.
Além de contratar os pescadores, o TAMAR desenvolve junto às comunidades projetos que ofereçam novas fontes de renda, como artesanato e hortas comunitárias e outros projetos de educação ambiental, em que os moradores do lugar são conscientizados para a importância da preservação do meio ambiente.
Esses projetos de educação ambiental consistem em palestras, cursos, mostra de vídeos, apoio a festas regionais, buscando-se sempre um envolvimento crescente entre os funcionários do TAMAR e a comunidade local.
Uma boa parte dos recursos para manutenção desses projetos vem da venda de produtos como camisetas, chaveiros e outros materiais promocionais. Na base de Regência, no Espírito Santo, o TAMAR criou a Confecção PRÓ-TAMAR, onde são produzidas camisetas e outros artigos para serem vendidos nas diversas lojas do Projeto. Com isso, uma parte da população local tem emprego na própria confecção.
Atividades de pesquisa
Os técnicos do TAMAR desenvolvem continuamente atividades de pesquisa visando a aumentar os conhecimentos sobre o comportamento de tartarugas marinhas e aprimorar técnicas que possam contribuir para o trabalho de preservação das espécies.
Assim, pesquisas sobre o impacto causado pela ação do homem no ambiente e a repercussão sobre a vida das tartarugas marinhas, como a perfuração de poços de petróleo, a construção de portos e a iluminação artificial próximo às praias de desova, orientam medidas para reduzir os efeitos nocivos dessa ação.
Um outro trabalho é o mapeamento do fundo do mar, com um barco equipado com som para descoberta de novos pesqueiros. Esses pesqueiros são indicados aos pescadores da região, de forma a aumentar suas fontes de subsistência e alimentação.
Também para dinamizar as atividades de pesca, técnicos do TAMAR constroem atratores de pesca, verdadeiras ilhas artificiais, construídas com corda e folhas de coqueiro, presas a uma bóia. Como nos oceanos os peixes estão sempre buscando lugares para se abrigar, essas ilhas atraem peixes pequenos, que atraem peixes médios, que atraem peixes grandes. Assim se formam pesqueiros, que são indicados aos pescadores da região.
Uma outra atividade é a pesquisa genética: com o estudo de DNA mitocondrial pode-se descrever as populações de tartarugas marinhas.
São feitos também estudos sobre taxa de crescimento, comportamento e padrão de desovas, condição de incubação de ninhos deixados na praia ou transferidos para cercados de incubação, distribuição espacial e temporal de ninhos para as diferentes espécies e áreas de reprodução, e comparativos referente a temperatura de ninhos em locais diferentes.
A metodologia desenvolvida pelo TAMAR é reconhecida internacionalmente e obedece às diretrizes da UNION FOR NATURE CONSERVATION-IUCN. O TAMAR está representado no comitê executivo do grupo de especialistas em tartarugas marinhas da IUCN e mantém convênios para intercâmbio e cooperação técnica com a World Wild Foundation, Conservation International, Earthwatch, Frankfurt Zoological Society, University of Florida, Wider Caribean Sea Turtle Net Hubes Institute/Sea World, Wolftrail, Institute de Ciencias del Mar.
De onde vem o dinheiro
A coordenação do PROJETO TAMAR e da FUNDAÇÃO PRÓ-TAMAR busca constantemente novas fontes de recursos para manutenção do trabalho.
Hoje o TAMAR tem como patrocinador nacional a PETROBRÁS, e no Espírito Santo a Aracruz Celulose. Além disso recebe apoio da Fundação Boticário de Proteção da Natureza, Banco Safra, WWF, Frankfurt Zoological Society, DETEM, Tilbras, Aqualung e Bahia Sul Celulose.
Participam ainda do projeto: A Marinha do Brasil, Conservation Internacional, Fundação Garcia D'avila, Dixie Lalecla, Albartour, Varig, governo da SP, BA e ES, prefeituras de Camaçari-BA, Salvador-BA, Ubatuba-SP, Linhares-ES, São Mateus-ES, Aracruz-ES, FNMA e GRENDENE.
Outras fontes de recursos são os convênios internacionais e governamentais e as vendas dos produtos com a marca TAMAR e programas de adoção.
Base de Ubatuba
Em Ubatuba, o TAMAR tem sua sede localizada na rua Antônio Athanasio da Silva, 273, no bairro do Itaguá, onde funcionam a administração, alojamento e uma área aberta à visitação. Na Base do TAMAR estão expostos vários exemplares de tartarugas. O Centro de Visitantes conta com uma maquete reproduzindo em tamanho natural uma tartaruga marinha em desova, o ninho e o nascimento dos filhotes, além de painéis fotográficos e vídeos sobre tartarugas e o meio ambiente em geral. Há ainda um pequeno museu com peças naturais (carapaças, esqueletos, embriões etc.), de tartarugas marinhas. Os estudantes e os visitantes podem utilizar a biblioteca do TAMAR para pesquisas.
No Parque Estadual da Ilha Anchieta o TAMAR mantém um Núcleo de Atividades, ampliando o alcance das ações de pesquisa e educação ambiental fundamentais para o sucesso do Projeto.
FONTE | Centro Nacional de Conservação e Manejo das Tartarugas Marinhas - Centro TAMAR
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