Mostrar que as tartarugas marinhas são as moradoras mais antigas da praia de Pirambu, em Sergipe, e destacar a importância de respeitar o processo de reprodução desta espécie. Estes são alguns dos objetivos da campanha SOS Ninhos. A ação, desenvolvida pela Fundação Projeto Tamar, que tem o patrocínio oficial da Petrobras, surgiu da necessidade de sensibilizar turistas e a comunidade local sobre a proteção das desovas feitas em um local com grande fluxo humano, especialmente nos feriados.

Os pesquisadores da Fundação Projeto Tamar perceberam que as interferências humanas no processo de reprodução das tartarugas tornaram-se muito frequentes na praia de Pirambu, onde era comum observar pessoas e veículos pisoteando os ninhos, rastros deixados nas areias por carros (dificultando ou impossibilitando a chegada dos filhotes ao mar), utilização de fontes de iluminação artificial nas praias (o que causa desorientação de fêmeas e filhotes), entre outros. Para tentar reverter esse problema, a campanha SOS Ninhos surgiu na temporada de desova 2010/2011.

Além da sensibilização sobre a importância de proteger as desovas, a iniciativa também visa manter os ninhos nos locais em que as tartarugas escolhem para desovar. Anteriormente, todos eles eram remanejados para o cercado de incubação ou para locais mais afastados dos dois quilômetros de praia mais utilizados pelos banhistas, a fim de diminuir a exposição dos ninhos que surgem no local a cada temporada reprodutiva. “É muito importante deixar os ninhos no local da postura, já que a taxa de eclosão sempre será melhor sem a interferência humana. Ou seja, toda vez que se transfere um ninho no local de origem, o número de filhotes pode variar. Sem contar que também podemos modificar a temperatura em que o ninho será incubado, o que interfere na quantidade de machos ou fêmeas que irão nascer”, destaca Ederson Luiz da Fonseca, executor de pesquisa, em Ponta dos Mangues.

Ao longo dos anos foram alcançados importantes resultados para as tartarugas marinhas através da campanha como, por exemplo, a redução significativa do trânsito de veículos na praia de Pirambu e também uma perceptível mudança de comportamento da comunidade em relação à presença dos ninhos. “Com o passar dos anos observamos que o resultado tem sido muito positivo. Cerca de 400 ninhos são deixados nos locais originais a cada temporada. A interferência neles e as remoções de estacas, que sinalizam os pontos em que eles estão, são baixíssimas”, afirma Fonseca.

Por causa da pandemia e consequente redução do esforço de monitoramento, foram verificadas algumas interferências. Segundo Fonseca, “as equipes de pesquisadores, seguindo todos os cuidados necessários, tem reforçado o trabalho junto à comunidade local em uma tentativa de mostrar que não existe preservação ambiental sem a colaboração social”.