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SEÇÃO
Meio Ambiente
23/07/2020 - 07h13
Não a espuma floral
Levy Seiya Maeda e Ticiana Giovannetti
 

É possível que você esteja na fase da organização do seu casamento e consequentemente, pensando em sua decoração. No Brasil, a absoluta maioria dos cenários que levam flores em sua composição, abarcam também as espumas florais. Resumidamente, são blocos de plástico comprimido, que têm por objetivo ser a base dos arranjos onde as hastes serão espetadas, oferecendo teoricamente mais controle e facilidade.

Hoje, com a cultura sustentável e maior preocupação com os impactos das nossas atividades no meio ambiente, a utilização da espuma floral é internacionalmente considerada irresponsável e inaceitável. Apesar de várias reformulações, o material ainda é tóxico e poluente. Após o uso, quando a água dos vasos é despejada nas pias e/ou ralos, os microplásticos vão para os oceanos, onde diversos estudos apontam sua presença em grande escala, estima-se que até 2050, a quantidade de plástico nos oceanos será maior que a de peixes. Além disso, é ingerido por esses animais marinhos que por sua vez, servem de alimento para os seres humanos, portanto, no final do ciclo você pode estar consumindo-o.

Nacionalmente, continua sendo a primeira opção de muitos decoradores. Podemos afirmar que a dificuldade em abandoná-la, deriva-se diretamente de uma agrura em libertar-se da zona de conforto. É inegável que o material, proporciona praticidade: além de manter as flores no lugar e facilitar o transporte dos vasos, funciona como também como fonte de água. Porém, a grande questão é o preço que pagamos por essa comodidade.

Existem diversas técnicas para a substituição das espumas florais, entre elas, é possível utilizar diferentes materiais como arames, telas de galinheiro, musgos vivos e até abusar da criatividade, equilibrando a utilização entre flores de corte e plantadas, dando assim espaço para novos estilos e composições. Vale lembrar que além dos benefícios ao meio ambiente, essa mudança também tem um efeito muito positivo para os arranjos em si, que ganharam desenhos mais orgânicos, soltos e leves. Ou seja, é uma revolução do bem.

Um ótimo exemplo, que demonstra como são realizáveis tais transformações, ocorreu no casamento do Príncipe Harry e Meghan Markle, que apresentou um enorme arco de flores, totalmente construído com uma base de madeira unida à pequenos vasos reutilizáveis com água. Uma vez que estamos falando do casamento real considerado como mais importante do século, percebemos que além de necessário, é viável manter a beleza de um evento com materiais sustentáveis.

Resumidamente, substituir a espuma floral por alternativas sustentáveis é benéfico para o planeta e para a espécie, é possível e esteticamente, ainda melhor. Porém, iniciar um diálogo que provoca impacto em um país que ainda está na contramão do mundo, sempre é desafiador. De certa maneira, é gratificante pensar que as grandes mudanças no mundo, nunca foram construídas a partir de processos fáceis.

Atitudes positivas geram o bem para todos, é importante deixar de lado antigos métodos, modernizar sua empresa e entregar um serviço com maior qualidade. Não é mais uma tendência, é uma obrigação. Somos um novo movimento.


Nota do Editor: Levy Seiya Maeda é sócio fundador e diretor da Villa Mandacaru (www.villamandacaru.com.br), empresa especializada na realização de casamentos sustentáveis e Ticiana Giovannetti, fundadora e decoradora na empresa Bohemian Village (www.bohemianvillage.art.br), empresa especializada em decoração sustentável de casamentos.

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