De abril a maio deste ano, pesquisadores do Projeto Charão concluíram mais uma etapa para identificar a população total da espécie
Conhecido cientificamente como Amazona vinacea, o papagaio-de-peito-roxo é uma das espécies da fauna silvestre típica da Mata Atlântica que vem preocupando pesquisadores. Por causa da perda do seu habitat, principalmente das Florestas com Araucárias que possui menos de 3% de sua área original de cobertura original, essa ave está ameaçada de extinção. A fim de pensar em estratégias de conservação da espécie, o Projeto Charão iniciou em 2015 censos anuais para determinar a população total dessas aves, como parte do Programa Nacional para a Conservação do papagaio-de-peito-roxo, que tem o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza (www.fundacaogrupoboticario.org.br). Com a contribuição de pesquisadores, observadores de aves e colaboradores, no primeiro ano o projeto identificou apenas 2.857 indivíduos, contemplando regiões que vão do Rio Grande do Sul até Minas Gerais, o que preocupou estudiosos da área, pela possibilidade de desaparecimento do papagaio. Porém, os censos de 2016 e 2017 revelaram um aumento significativo no número papagaios avistados e de sua área de ocupação. Na última coleta de dados, realizada entre abril e maio deste ano, mais de quatro mil aves foram localizadas, sendo a maioria delas na Região Sul do Brasil, e cerca de 64% deles apenas em Santa Catarina. Foram identificados papagaios-de-peito-roxo também em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e em países como a Argentina e o Paraguai. De acordo com Jaime Martinez, coordenador do Projeto Charão e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, a cada ano é possível chegar mais perto da atual área de distribuição geográfica do papagaio-de-peito-roxo. “O programa aproximou a participação de um grande número de pessoas e instituições ao longo do território brasileiro, onde a espécie ocorre. Nesse período, foi possível novamente estabelecer e atualizar o conhecimento sobre o tamanho de uma população que vem preocupando a todos que atuam na conservação da diversidade biológica do Brasil”, afirma Martinez. Além da coleta de dados, a estratégia de proteção da espécie incluiu instalar caixas-ninho nas florestas, enfatizar a importância da manutenção das árvores velhas e ocadas aos proprietários de terras, para auxiliar na reprodução da espécie, além de incentivar a criação de áreas naturais, principalmente na forma de RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural). A diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, acrescenta que iniciativas como o Programa Nacional para a Conservação do Papagaio-de-peito-roxo são prioritárias para receber o apoio da instituição, por contribuir para a conservação de um dos ecossistemas mais ameaçados do Brasil – a Floresta com Araucárias –, proteger espécies em risco de extinção e promover a criação de unidades de conservação. “As ações desse programa estão entre as necessidades indicadas no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica, o chamado PAN dos Papagaios, que envolve o papagaio-de-peito-roxo e outras quatros espécies de papagaios (papagaio-charão, papagaio-de-cara-roxa, papagaio-verdadeiro e chauá) – sendo que todas elas já tiveram iniciativas apoiadas pela Fundação”, destaca Nunes.
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