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Moda e Beleza
15/02/2016 - 14h03
Plantas aliadas da beleza
Giovanna M. C. Caramaschi
 

As plantas são utilizadas desde as primitivas civilizações como fontes de alimento, medicamento e também para a cosmética. O conhecimento desses tratamentos, feitos à base de vegetais, foi passado de geração em geração, sempre levando em conta os relatos feitos por curandeiros ancestrais, índios e outras pessoas que utilizavam e contavam histórias sobre ervas curativas.

Passaram-se os anos e, atualmente, com a tecnologia existente e as pesquisas avançadas neste segmento, estão sendo descobertos vários princípios ativos presentes nas plantas, dentre eles os alcalóides, as saponinas, os terpenos e os flavonóides. Muitos desses princípios possuem aplicações não só na fitoterapia, mas também na fitocosmética.

Em alguns casos, os efeitos terapêuticos resultam da ação conjunta de vários princípios ativos, que podem ser benéficos ou maléficos, dependendo de sua concentração e utilização. Para garantir sua sobrevivência e melhorar sua relação com o ambiente e com o polinizador, as plantas produzem compostos químicos, os metabólitos secundários. Dentre eles, aqueles que exercem um efeito farmacológico são denominados princípios ativos. Eles não se distribuem de maneira uniforme no vegetal e, na maioria das vezes, existe variação sazonal na sua produção. Entretanto não há dúvida do potencial fitoterápico das plantas. Muitos são usados na indústria cosmética, com excelentes resultados. Saber associar os distúrbios ou disfunções dermatológicas aos efeitos terapêuticos das plantas é importante, pois cada substância ativa agirá de forma específica podendo atuar como nutritiva, amaciante, adstringente, refrescante, estimulante, clareadora, lubrificante, cicatrizante, anti-inflamatória, germicida, revigorante, emoliente, tonificante, antisséptica, despigmentante, antimicrobiana, antifúngica, hemostática, tônicas, vulneraria, dentre outras.

Origem

A origem dos cosméticos naturais é conhecida já na Antiguidade, em regiões da China, Índia e Oriente Médio, onde eram utilizados extratos, mel, resinas, corantes, óleos essenciais, plantas aromáticas e águas perfumadas para a fabricação dos produtos. A história dos cosméticos coincide com a história da humanidade, pois a preocupação com a aparência existe desde os tempos mais remotos, quando se acreditava que rostos pintados e corpos tatuados serviam para afugentar maus espíritos ou agradar os deuses.

Muitos cosméticos se originaram na Ásia, mas os primeiros registros de seu uso são no Egito, onde, segundo registros da época, a famosa Cleópatra se banhava com leite de cabra para obter uma pele mais suave e mais macia. Para cuidar do asseio geral, da aparência física e da eliminação de odor corporal utilizavam-se óleos e bálsamos perfumados misturados à água do banho ou aplicados em massagens corporais, banhos em bacia com areia e ervas aromáticas purificadoras e de substâncias dissolventes, provavelmente contendo cinza e argila, para eliminar as gorduras da pele. Nos olhos, utilizavam tintas de propriedades antissépticas e de ação cosmética. Nos cabelos, as mulheres utilizavam essências perfumadas e testavam tinturas novas. No rosto tratavam as rugas com creme à base de plantas receitado pelos médicos, e nas mãos e pés cuidavam das unhas que, em geral, eram protegidas por verniz.

Na Idade Média, as ervas já eram utilizadas como tônico capilar, loção anticaspa, remédio contra piolhos, para clarear e eliminar sardas do rosto. Data desta época a disseminação da utilização da alfazema sob a forma de infusão: ela era colocada em potes sobre as mesas onde os convidados ao final de um banquete mergulhavam seus dedos sujos de gordura a fim de lavá-los e perfumá-los. Nesta época surgiu o batom com o uso do açafrão, planta de origem européia, para colorir os lábios e a fuligem para escurecer os cílios. Outra invenção foi o uso da sálvia para clarear os dentes e da clara de ovo e do vinagre para deixar a pele mais macia.

No Império Romano, houve um período em que o rigor religioso reprimiu o culto à higiene e a exaltação da beleza, impondo recatadas vestimentas para a população. Nesta época, o uso de cosméticos desapareceu na Europa. Somente no período das Cruzadas houve mudanças nos costumes e o ressurgimento dos cosméticos. Donas de casa começaram a fabricá-los em suas próprias residências e entre os ingredientes utilizados incluíam-se sopas, limonadas, leite, água de rosas, creme de pepino, e outros elementos que constituíam receitas exclusivas de cada família. As indústrias de cosméticos surgiram somente no início do século XX, em função da necessidade de as mulheres comprarem produtos prontos. Hoje, surgem os cremes hidratantes, despigmentantes, as loções revitalizantes e outros tantos produtos de beleza de última geração, resultantes de pesquisas que avançam cada vez mais na tentativa de se aprimorar as formulações cosméticas e ratificar a sabedoria popular no que diz respeito às plantas medicinais.


Nota do Editor: Giovanna M. C. Caramaschi é coordenadora do curso de Ciências Biológicas da Faculdade Anhanguera de Brasília – Pistão Sul.

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