Foi divulgada na manhã do dia 10, em entrevista coletiva realizada em Brasília, os números de uma pesquisa nacional encomendada pela Renctas - rede nacional de combate ao tráfico de animais silvestres ao IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. O principal objetivo da pesquisa foi identificar a opinião do cidadão comum sobre as principais questões ambientais do país. Realizada no mês de abril em 143 municípios e investigando diversos segmentos sociais, a pesquisa revelou algumas surpresas. Para 75% dos brasileiros, o Brasil corre o risco de ser invadido por um país rico devido as suas imensas riquezas naturais. Essa opinião foi homogênea em todas as classes sociais, regiões e idades. Somente 19% da população acha que o Brasil está livre dessa cobiça internacional. Os números também revelaram que 84% da sociedade sabe que comprar ou manter animais silvestres em cativeiro, sem comprovação da origem do animal, é um crime previsto em lei. Somente 11% da população afirmou desconhecer a legislação. Para o Coordenador Geral da Renctas, Dener Giovanini, esse dado reflete a eficiência das campanhas educativas sobre o tema. "Nos sentimos bastante satisfeitos com esse resultado, pois fizemos a nossa parte. Ele mostra que a informação chegou para todos. Agora é necessário que o governo intensifique a repressão sobre os traficantes", afirmou o ambientalista. Um dado surpreendente foi o número de pessoas que afirmaram que tem ou que já tiveram um animal silvestre em casa, cerca de 30% da população brasileira. Isso significa que pelo menos 60 milhões de animais silvestres saíram da natureza para alimentar esse comércio. Entre os animais mais citados estão os papagaios, pássaros em geral e micos. 70% da população condenam essa prática. A pesquisa também mostrou que é baixo o nível de confiança do cidadão nas Ongs ambientais. Apenas cerca de 30% tem algum tipo de confiança. Para 57% da população, o trabalho das ongs ambientalistas é pouco confiável. 14% não soube responder ou não quis opinar. O relator da CPI da Biopirataria, Deputado Sarney Filho, que participou da coletiva, juntamente com o presidente da comissão, deputado Mendes Thame, afirmou que "esse é um fato muito relevante, que precisa ser analisado com profundidade pelas ongs ambientalistas, pois mostra que há uma necessidade urgente de se aprimorar os canais de comunicação entre essas organizações e a sociedade. Penso que talvez o comportamento errado de umas poucas entidades estejam refletindo negativamente sobre uma ampla maioria de organizações sérias e competentes". Outro dado negativo foi a imagem que a população tem do país quando se trata da preservação dos recursos naturais. Para a grande maioria, cerca de 70%, o Brasil não é um país que respeita o meio ambiente. Esse pessimismo não impede que 71% da sociedade esteja disposta a pagar um pouco mais caro por um produto se parte dos lucros obtidos forem destinados à projetos ambientais. Neste quesito a pesquisa revelou mais um dado surpreendente: mesmo entre a população de baixa renda, que ganha até um salário mínimo, é alto o número de pessoas que pagariam um pouco mais caro por um produto ambientalmente responsável. Para o deputado Mendes Thame, essa pesquisa mostrou ao país que, "apesar das inúmeras dificuldades que enfrentamos na área ambiental, o povo brasileiro está disposto a dar sua contribuição para a preservação do meio ambiente, e isso é sem dúvida, a principal arma que o Brasil dispõem para se tornar uma referencia mundial nesta área", concluiu.
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