Veterinária especialista em endocrinologia explica como é a luta de cães e gatos obesos contra a balança
Infelizmente não são somente os humanos que costumam engordar nas férias, os pets também passam pelo problema. “Como ficam mais próximos da família, os cães, principalmente, acabam comendo além da conta, seja petiscos fora de hora, comida de gente e até a própria ração que fica com horários desregulados”, esclarece a veterinária Thais Gimenes, especialista em endocrinologia do Pet Center Marginal/Petz (www.petcentermarginal.com.br). Estima-se que no Brasil cerca de 30 a 45% da população canina e felina esteja acima do peso, por isso os cuidados em relação aos pets para evitar que a epidemia de obesidade aumente devem ser reforçados. Uma das causas da obesidade nos pets, segundo a especialista, é o estilo de vida dos donos e da sociedade. “Trabalhamos muito e às vezes tentamos recompensar o afeto com comida. Além disso, o sedentarismo é uma questão que preocupa. Cães precisam de exercícios diários. Os gatos também, por isso aqueles que não saem de casa, precisam ser estimulados pela família dentro de casa”, observa a Dra. Embora as rações, principalmente as do tipo terapêuticas para obesidade, sejam o que há de melhor em alimentação porque contêm todos os grupos nutricionais que os pets necessitam, além de serem ricas em fibras, muitos ainda insistem em oferecer comida. “Um erro que pode não só engordar como deixar o animal mal nutrido, com determinadas carências. Também temos os casos de pessoas que oferecem petiscos caninos em excesso, além de guloseimas, como bolachas, pães, entre outros itens bem calóricos para o animal”, reflete a especialista. A maioria dos casos atendidos de sobrepeso ou obesidade nos centros veterinários do Pet Center Marginal/Petz envolvem maus hábitos alimentares, mas é importante saber que alguns problemas endocrinológicos ou hormonais podem explicar o ganho de quilos extras em animais. “Eles sofrem com problemas na glândula tireóide que deixa de funcionar como deveria, como no caso do hipotireoidismo”, afirma. A castração e a idade também interferem no metabolismo e podem levar a ganho de peso, por isso o acompanhamento veterinário é importante para mudanças no perfil da ração. Doenças associadas à obesidade Cães e gatos obesos sofrem das mesmas complicações que os humanos, em diferentes proporções, como a resistência insulínica, hiperglicemia, hipertensão arterial, colesterol alto, problemas respiratórios e de pele, além de outras complicações relacionadas à sobrecarga no sistema musculoesquelético, como lesões na coluna vertebral, comprometimento de marcha (o cão passa a ter dificuldade para caminhar) e osteoartrite. Um agravante ao cenário é que enxergar o pet com quilos extras ainda é uma dificuldade para os tutores. De acordo com pesquisa da Associação Americana de Prevenção à Obesidade dos Pets, 22% dos donos de cães e 15% dos de gatos obesos ou com sobrepeso não conseguem vê-los como animais em guerra contra a balança. “Como o cálculo do peso ideal dos pets não é simples, depende da raça, do sexo e da idade do animal, é compreensível que muitos donos fiquem em dúvida, por isso as consultas ao veterinário devem ser periódicas. A obesidade nos pets é séria e envolve uma série de doenças que comprometem a saúde e reduzem a expectativa de vida do animal”, alerta a médica. Como é o tratamento? Se o veterinário confirmar a obesidade, é comum a troca da ração por uma menos calórica, com alto teor de fibra. Animais que não respondem à ração terapêutica de obesidade, podem ser submetidos à dieta caseira elaborada por um nutricionista veterinário. Além disso, o tratamento inclui a prática de exercícios físicos, que podem ser realizados na água, reduzindo o impacto em pacientes mais gordinhos e evitando danos musculares. Os petiscos também podem ser substituídos por versões light ou mesmo vegetais, sempre de acordo com a prescrição do médico veterinário.
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