Muitas são as notícias nos cadernos de economia dos principais jornais do Brasil, mas não posso me furtar a comentar uma medida tomada pelo Banco Central no que diz respeito a empréstimos. Desta vez o BC decidiu liberar empréstimos àqueles que estão com restrições em seus nomes junto a órgãos de proteção ao crédito, cabendo aos bancos a decisão de liberar os recursos, bastando para isso analisar o histórico do cliente. Se pensarmos nas últimas ações tomadas no que diz respeito a crédito, fica muito claro que tudo está sendo feito para que o cidadão contraia dívidas. Começou com aposentados e pensionistas, que agora podem contrair empréstimos com parcelas de até 30% do valor de seu benefício descontados diretamente em folha, ou seja, o indivíduo já recebe seu benefício com um desconto que, em muitos casos, pode comprometer sua capacidade de subsistência, enquanto os bancos têm toda a segurança no recebimento de seus valores. Agora quem já está endividado e com o "nome sujo" pode obter empréstimos, ficando a critério do banco a liberação destes recursos. É lógico que emprestando dinheiro a quem já tem restrição em seu nome, os bancos aumentarão e suas taxas de juros, uma vez que o risco de inadimplência é um dos pontos que mais influenciam em sua composição. E o pior é que toda a população será afetada. Não estou aqui me opondo ao socorro a quem precisa de dinheiro para pagar suas dívidas. Tenho absoluta convicção de que o cidadão endividado vai correr para esta nova possibilidade com o sonho de resolver seus problemas financeiros, mas já está mais que comprovado que não se deve fazer dívidas para pagar dívidas. O que está sendo feito, em todos estes casos é "dar mais corda para a população se enforcar". A grande questão que envolve este problema é a educação financeira, que além de não existir, aparentemente não interessa muito a quem tem o poder no nosso país. É claro que quando a população tiver o hábito de planejar suas contas do mês e, colocando cada compromisso na ponta do lápis, souber como administrar seus recursos, ela necessitará cada vez menos de empréstimos, e quando precisar deste dinheiro para uma eventualidade, a chance do famoso "calote" ocorrer será muito menor. Isso sim fará com que as taxas de juros caiam. Mas a quem interessa uma população sem dívidas? Quando tivermos uma população consciente, onde os bancos conseguirão R$ 3 bilhões de lucro? Nota do Editor: Cláudio Boriola é Consultor Financeiro e Especialista em Economia Doméstica e Direitos do Consumidor. Autor do livro "Paz, Saúde e Crédito", batizado por Paulo Henrique Amorim como "a bíblia dos endividados".
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