Hoje mexi em muitas coisas, revirei o armário em busca de antigas novidades, nossa, passou um filme em minha mente. Tem um livro seu aqui, acredita que estava esquecido, jogado às traças, de verdade? É, aqui nesse apartamento tem traça desde sempre, o imóvel era novo e elas vieram de brinde. Ainda estão aqui, procurando paninhos atraentes e pedacinhos de papel. Até elas desejam ser felizes, apenas não sabem disso. Agora que você está longe e vive uma vida mais pacata, deve sentir falta da cidade. Não que aqui seja lá essas coisas, mas nada como ir embora para dar valor ao que temos de bom. E cá para nós, todo lugar que não é o nosso é um pouco estranho. Será que você concorda? Aliás, aproveito para lhe dizer que aquele livro com as fotos irá chegar dentro de alguns dias. Cada imagem linda, eu sei que vai adorar. Vai lhe fazer bem. Pegar é outra coisa. Essa virtualidade é bacana, mas não tem cheiro. Todo mundo cheirou o livro quando pegou. Parece coisa de maluco, né? É cheiro de novo, de coisa boa. Ah, você acredita que agora tem dois gatinhos aqui? Os nomes: Alfredo e Irina. São as coisas mais lindas. Ela é mais arisca e ele parece cachorro, apegado ao dono. Bichinho tem personalidade, é interessante. Menino, e a viagem que fizemos para Rio Pomba? Você acredita que eu tive até vontade de ficar por lá uns tempos, de tão bonitinha que a cidade está? Teve uma festa alegre em família, vieram os tios de fora, foi muito bom. Comi tanta manga, lá o que não falta é fruta. Quase voltei amarela (risos). O pessoal perguntou por você, eles sempre gostaram do seu jeitão descontraído, brincalhão. Está fazendo falta, acredite. Sei que está melhor aí com essa oportunidade de trabalho e fico feliz, acho que sua escolha foi muito acertada. Mas eu sei que a saudade aperta. Você não é de comentar, mas eu sinto. Eu sinto sim. Cuide-se, não fique estressado por coisas pequenas, faça bons amigos, namore, fique tranquilo. Torço muito por você, seu coração sempre foi muito bom. Vou ver se consigo visitá-lo até o fim do ano, mas ando tão enrolada... (Sempre fui, né?). Vixe, estou sabendo que anda cozinhando, não vá fazer macarrão instantâneo todos os dias não, hein? Quero vê-lo forte, saudável, bem disposto. Fique com Deus, que haja sempre luz em seu caminho. E que nossos caminhos se cruzem novamente. Assim vou roubar um beijo e aproveito para ler para você os contos do livro que deixou para trás.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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