Amo fotografia porque o instante está capturado, paradinho. Cada pedacinho que compõe o grande mosaico de nossa existência está ali, em um pedaço de papel, seja ele pequeno ou grande. Hoje em dia contamos com a tecnologia e podemos carregar nosso "baú de memórias" em celulares, computadores, mídias...

Sinto um grande prazer em registrar a simplicidade do cotidiano. Uma flor, o sol, o céu, um sorriso, tudo parece desabrochar para a câmera enquanto caminho por aí. Se tantas coisas são difíceis, desejo registrar ainda mais para depois não esquecer que muitas coisas boas existiram em meio a tantas turbulências.

Algumas pessoas tem lembranças nítidas de fatos antigos, de muitas coisas que vivenciaram, de tempos remotos. Me lembro muito da infância, de momentos importantes da adolescência e vida adulta, mas confesso que me sinto meio desmemoriada em relação a muitos fatos. Muitas situações positivas simplesmente sumiram ou foram suprimidas pelas negativas, que insistem em parecer mais fortes. E o pior é que tenho consciência disso! Por isso gostaria de ter mais fotos antigas. Assim, poderia olhar e pensar: "até que não foi tão mal". Ou, quem sabe: "não é que foi incrível?"

Por pouco não fiquei sem fotografias de quando era bebê. Quando nasci os recursos financeiros estavam escassos, mas mesmo assim meu pai adquiriu uma "Polaroid", aquela que faz fotos instantâneas que são um luxo! Tem foto da família toda registrada, com direito a muitos sorrisos que não foram ensaiados. Todos verdadeiros.

Não posso reclamar de falta de câmeras nesse momento. Estou buscando novos rumos, paisagens, pessoas para participarem da construção de minha nova etapa. É bom saber que se alguns partem, outros chegam, e prosseguimos com olhares renovados para ver além.