As paredes escureceram um pouco, alguns móveis mudaram de lugar. Há desenhos espalhados pela casa, muitos livros, fotografias antigas e recentes. Há flores, há amores e rancores, há litros de vinho e de mágoa. Há gargalhadas, gritos, gemidos, sussurros, beijos, afagos. Há contradição. Há tempos não o vejo sorrir, parece que está em off, flanando. Eu aqui, fervilhando. Há quem não veja além, há surdos ouvindo vozes internas, há cegos de toda natureza, há mudos que urram, há falastrões ocos que repetem, repelem... Há outros ao redor, há aquele ali que olha para cá buscando algo que parece perdido há tempos e não retornará, há a amargura do décimo quinto andar, há a cama, a mesa, o altar. Há confusão, caos, comédia e drama, há choro em dias ensolarados e alegria nos dias escuros. Há tanto de tudo e ainda falta muito. Quanta felicidade nos aguarda no porão.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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