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COLUNISTA
Sayonara Lino
15/06/2012 - 15h02
Desabafo
 
 

Durante 34 anos nesse mundo, já escutei muitas coisas que me magoaram. Nunca compreendi o motivo de pessoas que se colocam como amigas falarem tudo o que pensam. Intimidade deve existir com respeito. Nunca falei tudo o que penso para as pessoas, a não ser quando não as desejava por perto. Já afastei muita gente por falar o que penso. Se quer preservar, ouça mais. Se quer afugentar, seja absolutamente sincero.

Perdão nunca foi meu forte. E olha que sou espiritualizada. Consigo perdoar se não for necessário conviver. Deve ser ótimo ser mais complacente. Mas evolução é degrau que se conquista tentando sempre. Um dia conseguirei.

Consigo me manter longe de pessoas que me machucaram por anos a fio. Não creio que seja egoísmo. Quem não me respeita não merece minha companhia. Prefiro ficar só, gosto de mim e procuro me preservar. Não sou masoquista. Quero estar com pessoas que me fazem bem. Defeitos todos temos, não busco perfeição. Consideração é o mínimo. E uma dose de bom senso ajuda.

Sempre fui comunicativa, adoro bater um papo, mas sou introspectiva e se não ficar sozinha pelo menos algumas horas por dia, adoeço.

Adoro silêncio, mas sem exageros. De vez em quando preciso ir a algum lugar onde haja um certo movimento, uma festa, para sentir como é estar mais próxima de pessoas convencionais, sociáveis. É que vez ou outra uma dose de "normalidade" é necessária. Percebo que quem não é "baladeiro", de certa forma é discriminado. Passei da fase. Ainda não entenderam que cada um é feliz de um jeito.

Sinto uma certa saudade da infância. Existem uma criança e uma idosa dentro de mim. Elas se dão bem. Uma guarda a inocência e a outra possui sabedoria.

Em alguns momentos sinto uma tristeza absurda. Por conta disso, já escrevi muito e fotografei demais. Nos últimos dias fui andando pelas ruas e, além de fotografar, conversei muito com pessoas que vivem por aí, sem teto, sem rumo. O sofrimento do mundo me atinge em cheio. Gostaria de ajudar essa gente sofrida de alguma forma. Quase não creio no que vejo. Nós, seres humanos, ainda não aprendemos a nos doar. O egoísmo irá nos engolir se continuarmos a fingir que não vemos.

Sinto muita alegria ao ver as coisas mais simples. Uma paisagem, o pôr do sol, animais, flores, um sorriso, tudo isso toca minha alma. Aprecio a solidariedade, o altruísmo, a gentileza.

Sou muito forte, tenho aguentado o tranco. Sensibilidade não é fraqueza, embora em alguns momentos me fragilize sim. Não sou feita de aço. Sentimento é o que não me falta.

Já briguei muito, mas não vale a pena. Algumas pessoas simplesmente não se importam. Tudo o que plantamos colhemos. Melhor largar para lá. A vida se encarrega a dar a cada um o que merece.

Não suporto mentira, fofoca, maledicência, crítica excessiva. Corro disso. Não acho graça em patrulhar a vida alheia. Mal dou conta da minha. Sou autocentrada, talvez me achem individualista. Não ligo, me conheço muito bem.

Já fui tachada de louca e morro de rir. Sou tão lúcida que até dói. Muitos ignoram o que é loucura de verdade. Eu sinto uma compaixão enorme por pessoas que sofrem de transtornos mentais graves. É uma doença da alma.

Se eu tivesse o poder de transformar alguma coisa de verdade no mundo, começaria colocando uma boa dose de caridade no coração das pessoas. Eu gostaria de ser um milhão de vezes melhor, mas há quem seja capaz de não sentir nada, parecem ocos, desprovidos de empatia. Isso ainda me choca.

Nem todo assunto me interessa, quase não respondo a perguntas que considero inoportunas. Desfiz muitos laços, fiz outros, novos e importantes. Sinto amor por pessoas que outro dia mesmo nem imaginava que pudessem existir, tão boas que são. Gosto de gente de bem, simples e que possua autenticidade. O superficial nunca me capturou. Tenho poucos amigos e sou leal a esses. Conheço minhas virtudes e defeitos. O dos outros... Cada um deveria buscar em si mesmo o que há de bom e menos virtuoso. Estou de passagem e desejo leveza. Deixo ir, liberto, já que essa liberdade desejo também.


Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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