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O aterro sanitário ainda é a forma mais utilizada no Brasil para disposição final adequada de resíduos sólidos, principalmente urbanos domésticos. A metodologia consiste em construir um aterro sanitário que se trata de uma vala ou escavação em solo, na qual é instalado um filtro de material permeável, geralmente arenoso para abrigar o chamado dreno-testemunho que é o dreno que identifica a eficiência do sistema impermeabilizante. Depois é instalado a manta de polietileno de alta densidade que objetiva proteger os solos e as águas subterrâneas, freáticas ou em aquíferos na rocha. Sobre a manta de polietileno é instalado ainda um coletor de chorume para recolher e enviar para tratamento o material líquido resultante da decomposição dos resíduos sólidos. O aterro sanitário é um processo para a disposição de resíduos sólidos no solo, que fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permite um confinamento seguro em termos de controle de proteção ambiental e proteção à saúde pública. O aterro sanitário é a alternativa mais utilizada no Brasil, supostamente por ser a opção de menor custo de investimento. Isto é parcialmente verdadeiro, pois considerando o investimento inicial esta alternativa realmente é a de menor custo. Mas quando são considerados os investimentos de manejo e monitoramento ao longo da vida útil do aterro, o próprio transporte dos resíduos sólidos e também as operações necessárias após o seu fechamento, é possível que usinas de recuperação de energia sejam mais econômicas. É que as usinas de recuperação energética tem maior investimento inicial, mas os seus custos com manejo e manutenção se tornam atraentes, além da energia que gera que pode ser comercializada e de benefícios indiretos como a redução de emissões de gases de efeito estufa, particularmente metano e dióxido de carbono, e a consequente receita advinda da comercialização de créditos de carbono. A figura acima mostra um típico esquema de aterro sanitário. A esquerda observa-se uma faixa em preparação, ao centro um setor em execução e a direita um setor já concluído. Um aterro sanitário pode ser conceituado como uma técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Também pode ser definido como um método que utiliza princípios de engenharia para confinar resíduos sólidos dentro da menor área possível e para isso beneficia ou trata os resíduos sólidos produzindo o menor volume possível. Finalizando os resíduos sólidos depositados em aterros sanitários são cobertos com uma camada de terra com a finalidade de impedir a propagação dos ciclos de insetos, particularmente moscas e mosquitos que são vetores muito importantes na transmissão de doenças infecto-contagiosas. Os aterros sanitários apresentam em geral a configuração observada na figura anterior. Um setor de preparação, outro setor de execução e um setor já concluído. O desenvolvimento destes setores pode ser ao mesmo tempo ou em sequência. Na preparação da área são realizados, basicamente, a impermeabilização e o nivelamento do terreno, as obras de drenagem para impedir que as águas pluviais sofram percolação na massa de resíduos sólidos depositados e aumente o volume de chorume a ser tratado. O chorume é recolhido na parte interna do aterro e remetido para tratamento antes de ser liberado junto ao sistema de drenagem superficial local. As áreas limítrofes do aterro geralmente são dotadas de uma cerca viva para evitar ou diminuir a proliferação de odores e a poluição visual. Na execução dos aterros sanitários, os resíduos sólidos devem ser separados de acordo com suas características e depositados separadamente. Ao final da operação, quando é atingida a capacidade de disposição final de um setor do aterro sanitário já esgotado, é feito o selamento também com manta de polietileno de alta densidade e acima ocorre a colocação de uma camada de matéria orgânica sobre a qual é plantada uma camada de gramíneas. Desde a base do aterro sanitário, quando começa a disposição de resíduos sólidos, devem ser implantados drenos de gás para liberar o metano e o gás carbônico formados. Sempre que possível estes gases devem ser queimados antes da liberação para a atmosfera, e já são comuns no Brasil a utilização destes gases para a recuperação de energia, como no aterro Bandeirantes em São Paulo, em Canabrava em Salvador e em outras iniciativas isoladas. As técnicas de monitoramento usadas durante e após o fechamento dos aterros são piezometria, poços de monitoramento, instalação de inclinômetros nos taludes, marcos superficiais e sistemas de controle de vazão pluvial e de chorume. Nota do Editor: Dr. Roberto Naime, Colunista do EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
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