A responsabilidade com o futuro do nosso planeta faz a sociedade cada vez mais presente nos debates sobre as questões de sustentabilidade. Neste ano, por exemplo, vamos ter o privilégio de receber a Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. É o momento de nós, brasileiros, ocuparmos lugar de protagonistas em uma nova rodada de negociação pelo futuro da humanidade. O Brasil já avançou importantes passos em processos sustentáveis. Mas, proteção ao meio ambiente e sustentabilidade exigem mais da população, governo e empresas. O lixo é um dos grandes gargalos mundiais para o desenvolvimento sustentável. Sua destinação é responsabilidade de cada um, devendo começar em casa. Sob esse aspecto, o Brasil dá exemplo com a Lei Federal 12.305, em vigor desde agosto de 2010, que estabelece o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga os municípios a elaborarem planos para a destinação adequada do lixo. A nova lei tem como prazo final para sua implantação agosto de 2014 e garante prioridade de recursos federais às prefeituras que incentivarem a criação de cooperativas. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos também deixa muito claro que os municípios não devem apenas fazer a destinação correta dos resíduos, mas precisam criar uma política municipal de limpeza urbana e reciclagem, com incentivo à inserção de cooperativas de catadores de materiais recicláveis. As empresas, por sua vez, devem traçar um plano de logística reversa, prevendo a reciclagem dos produtos que fabricam. Elas devem determinar como será feito o retorno e a destinação ambiental adequada. Essas regras permitirão triplicar o número de cooperativas segundo um levantamento do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). Uma tendência que já vem ganhando espaço em várias cidades, das quais o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP) e a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) têm recebido novos grupos para a formação de cooperativas, permitindo a sua regularização e legalização. Há muito espaço para esse crescimento. O estudo do Cempre revela ainda que apenas 8% das cidades brasileiras recolhem o material reciclável em sistemas oficiais de coleta, triagem e destinação. Os municípios, porém, devem investir nesse processo garantindo às cooperativas não apenas o papel de recolher e repassar o material reciclável. É preciso agregar valor, transformando os resíduos em novos produtos e gerando melhor remuneração aos cooperados envolvidos no processo. O cenário, portanto, é promissor para as cooperativas e vai se revelar extremamente positivo para os municípios. Além de assumir o trabalho direto na reciclagem de resíduos sólidos, o cooperativismo levará consigo seus ideais, que trazem em sua essência um sistema econômico baseado na cooperação entre as pessoas e a justa distribuição da renda. Uma realidade comprovada pela pesquisa da USP, que revelou que as cidades onde cooperativas têm importante atuação contam com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nota do Editor: Edivaldo Del Grande é presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP) e da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp).
|