Em função dos incentivos governamentais ao mercado imobiliário em 2009 e 2010, o Brasil viveu no período recordes de lançamentos, vendas e valorização dos imóveis. Como efeito da alta demanda, facilitada pelo financiamento fácil e longos prazos, os imóveis valorizaram-se como nunca; tanto novos quanto usados. Até dezembro passado, observávamos uma sobrevalorização de 30% a 40% dos preços em relação a 2008. A procura era tanta em 2010, que houve muitos atrasos de entrega de imóveis novos. Mas, do último trimestre de 2010 para cá, enquanto inúmeros imóveis estavam em construção, o mercado foi se saturando e a capacidade de compra já dá sinais de esgotamento. Tanto é assim, que em janeiro agora, houve, segundo o SECOVI, 45% de queda nas vendas em relação a janeiro de 2010, na cidade de São Paulo. Foi o menor volume de comercialização dos últimos sete anos na capital paulista. As construtoras já não conseguem mais compradores suficientes para os imóveis prontos e não sabem o que fazer com os muitos em construção. Já em março, diversos lançamentos eram ofertados com 25% de desconto sobre o valor nominal, para quem fechasse negócio de imediato. Em consequência dessa inversão nas tendências, chegamos a um bom momento para comprar: dá para escolher, negociar e fazer um negócio muito melhor que há 6 meses. Basta não ir com muita sede ao pote, ter paciência e prestar atenção aos detalhes de sempre: - O ideal é comprometer não mais que 20% da renda com as prestações porque, além das despesas iniciais - como registro, ITBI, alguma adequação física etc. - há outras no dia a dia, como condomínio e manutenção. Por outro lado, os atuais contratos não possuem vínculo com a equivalência salarial e qualquer aumento acima do normal nos índices da TR (fator de correção das prestações) pode comprometer todo o financiamento. - Se tiver FGTS, é conveniente usá-lo para diminuir o valor a ser financiado. - Veja se está com a documentação necessária para o financiamento. Se faltar algo, é bom providenciar enquanto pesquisa o imóvel. - Escolher o imóvel implica também em saber da infraestrutura urbana das proximidades e investigar junto à vizinhança quanto a incômodos existentes na região (barulhos excessivos, vandalismo, enchentes freqüentes, vizinhos incômodos, segurança etc.). - Cuidado: nem tudo são valores. Os termos do contrato são componentes importantíssimos a levar em conta na negociação. Leia-os pacientemente, marcando os pontos duvidosos. Não é tarefa fácil, já que, por ser algo muito específico, até advogados têm dificuldades na interpretação. - Tenha claros as dimensões do imóvel, o layout, o andar, quantas vagas de garagem, tipo de acabamento com o qual o imóvel será entregue e outros detalhes. - Confira no contrato se as taxas de juros, parcelas intermediárias e outros encargos estão descritos conforme conversado. Pergunte ao vendedor acerca de todos os pontos do contrato sobre os quais tenha dúvidas. Insista até que a explicação seja convincente. Tudo, absolutamente tudo o que for tratado, tem de estar escrito no contrato. Como precaução, guarde todo o material de propaganda sobre o imóvel, cujas informações valem como provas adicionais do que lhe foi prometido. Nota do Editor: Dr Tiago Antolini (www.antoliniecolauto.com.br) é advogado especializado em financiamento habitacional, autor na área e conferencista do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI).
|