Se você já conhece o poder do silêncio, considere-se privilegiado. Seu apelo é sutil, portanto é preciso sensibilidade, maturidade, paciência e disposição para se render a ele. É preciso ser capaz dele. Ao contrário do que possa parecer, em sua companhia descortinam-se inúmeras possibilidades, lampejos criativos e uma sensação de segurança e bem-estar. Ele nos resgata, nos traz de volta a nós mesmos e melhora nossa percepção em relação aos fatores externos. Aumenta nossa atenção. É assim que o vejo, o percebo. Uma comunhão bem sucedida entre as partes que compõem o todo. Quantas pessoas fogem dele... não o suportam como companhia. É ele também quem nos leva ao encontro das misérias ocultas, varridas ao longo dos anos para as áreas mais profundas que possuímos. Nos faz refletir, raciocinar, reelaborar. Mas não se trata apenas disso. O silêncio, tantas vezes temido e evitado das formas mais variadas, pode conduzir a paisagens antes pouco exploradas. Leva ao amor, compaixão, leveza, bondade. A vida moderna, o mundo agitado, a aldeia global, todos querendo falar. E o silêncio lá, quieto e presente, muitas vezes em vão convidando com sua doce voz. Ávidos por prazer imediato, é comum e certamente mais fácil a busca frenética por coisas que estão fora de nós. Os estímulos estão aí, por toda parte e não exigem muito esforço, menos ainda tempo e dedicação. Perceba o silêncio. Ouça o silêncio. Incoerência? Não, o silêncio nos fala. Sussurra, em meio à balbúrdia que insiste em deixá-lo de lado. Permita-se, deixe-o entrar. Ele te acompanhará em momentos felizes, sim. Porém, nas tristezas e curvas da vida, onde tantos outros poderão te abandonar, eu garanto, ele estará ao seu lado.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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