El Niño é o nome dado a um fenômeno que ocorre nas águas do Oceano Pacífico e que altera as condições do clima em diversas partes do planeta. Esta denominação foi criada por pescadores do Peru, em função de que o litoral deste país é muito atingidos pelo fenômeno que causa graves danos. O El Niño dura de 12 a 18 meses com intervalos de 2 a 7 anos. Especificamente ocorre o aumento da temperatura das águas nas superfícies do oceano Pacífico equatorial, principalmente na região oriental. O motivo não é bem conhecido. Os efeitos são muito variados, produzindo secas em algumas regiões, temperaturas elevadas em outras e enchentes em outras áreas. Esta mudança de temperatura relativa entre as águas do mar no oceano Pacífico gera diminuição da pressão atmosférica na região, diminuindo a temperatura do ar no local e aumentando a umidade. Esta alteração causa mudança de direção e velocidade dos ventos a nível global, fazendo com que as massas de ar mudem de comportamento em várias regiões da terra. Sabemos que boa parte das chuvas é produzida por nuvens carregadas de umidade que se deslocam segundo condições de controle atmosférico. Assim, nuvens podem se carregar de umidade na Amazônia e serem transportadas e gerarem precipitação no Mato Grosso ou até São Paulo. Outras regiões sofrem pois ao não receberem nuvens carregadas em umidade, ocorrem menores precipitações pluviométricas, provocando períodos de secas ou estiagem. Isto explica pluviosidades exageradas em alguns estados do centro-oeste ou sudeste e sul até Santa Catarina nos verões, e estiagens maiores ou mais prolongadas no nordeste e em algumas regiões do Rio Grande do Sul e até do Uruguai. As temperaturas também mudam nas regiões afetadas, com os invernos sendo amenizados com a ocorrência de elevação nas temperaturas médias. Este fato pode trazer benefícios ao evitar a ocorrência de geadas com intensidades suficientes para gerar danos para as culturas de inverno nestes locais. Em outras regiões, como na própria Amazônia e freqüentemente na região Nordeste do país, ocorrem diminuições relevantes dos índices pluviométricos, aumentando as dificuldades com as secas, que chegam a durar 2 anos em períodos comprovados de ocorrência do fenômeno El Niño. As secas não se limitam apenas ao sertão de estados da região Nordeste, ocorrendo déficits de índices pluviométricos inclusive no litoral destes estados afetados. Não se sabe exatamente e com certeza porque ocorrem aquecimentos maiores em algumas regiões do oceano Pacífico, mas se tem certeza do que ocorre quando este fenômeno se instala. As águas dos oceanos não são homogêneas como parecem, não são todas iguais, não estão igualmente submetidas a temperaturas uniformes. Existem correntes de águas mais quentes se movimentando em relação a águas mais frias como se fosse verdadeiros rios em movimento dentro do mar. Todo mundo sabe que fluidos mais quentes sobem em relação a fluidos mais frios e o exemplo mais simples é a fumaça de cigarro, que por ser mais quente sobe em relação ao ar em sua volta. Águas são fluidos assim como o ar. Todo mundo sabe que existem correntes marinhas importantes. Todo verão, a corrente de Humboldt carrega pingüins do pólo sul até a Bahia. Pois no fenômeno El Niño se misturam aquecimento diferenciado das águas, com correntes marinhas, alterações climáticas de temperatura e umidade, juntamente com barreiras naturais como cadeias de montanhas, para produzir todas as alterações climáticas que conhecemos. E ressalte-se a bem da verdade, que tanto quanto se sabe não ocorrem interferências antrópicas na origem do fenômeno cuja origem é totalmente natural. Nota do Editor: Roberto Naime, colunista do Portal EcoDebate, é Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo - RS.
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