Enquanto o tempo passava, e para não percebê-lo, tecia. Ao longo das semanas, um delicado véu foi confeccionado para protegê-la. Era assim a existência daquele ser aparentemente frágil, mas internamente forte, ainda que um tanto fragmentado pelos chacoalhões da vida, pela incompreensão alheia. Olhar para a colina através da janela funcionava como um lenitivo para as dores que trazia na alma. Assemelhava-se aos que se não se identificam com o grupo no qual estão inseridos. Procuram pelos seus e demoram a encontrar a verdadeira família, reunida não por laços sanguíneos, mas por afinidade de idéias. Nem todos encontram seus semelhantes que estão por aí, espalhados no mundo. A moça tece sem pausa, se esconde um pouco e poupa sua psique. Aguarda o momento em que desfrutará da companhia daqueles que a aguardam a fim de recebê-la, finalmente, de braços abertos.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
|