Não consigo compreender a euforia que urra por aí. Sim, estou ficando velha e mais observadora. Falo menos, ouço mais, procuro sinais, pegadas, rastros. Gente que vive gargalhando e soltando rojão a todo momento não deve ser feliz. Felicidade demais é tristeza. O sujeito deve ter uma lacuna interior irremediável. Tenha dó, encontrar um meio termo está ficando difícil. O mundo é bipolar? Estabilizar os extremos seria ótimo. Vejo pessoas falando demais, criticando demais, maliciosas demais, difíceis de lidar. Tudo demais. (Mais ou menos como estou fazendo agora!) Estou longe da santidade, mas ser criticada por não fazer parte da turma 220 v está ficando cada vez mais difícil. Quem opta por um caminho mais sereno, sem trios elétricos, confete e serpentina fica meio sem jeito, deslocado. As pessoas desconfiam. Procuram por uma pista que revele que na verdade essas criaturas são verdadeiros santos do pau oco. Pode ser que alguns sejam mesmo. Mas e os autênticos? Cabem em algum lugar?
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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