Ficou tanto tempo no mundo, fora de si, que não sabia como retornar. Estava perdida e inquieta, ansiando por algo abstrato, difícil de definir. Estava presa a um emaranhado de pensamentos desconcertantes que a afligiam, acorrentavam, como se estivesse em uma mata densa, completamente desconhecida. Quanto mais caminhava - acreditando que chegaria a um lugar seguro - mais longe estava de alcançar seu objetivo. Qual seria? A mulher seguia ressecada externa e internamente, esgotada, sugada. Enquanto refletia tentando encontrar um atalho que a levasse para seu verdadeiro lar, parava e tentava contemplar algo de belo ao redor, embora estivesse com a visão turva demais e a paisagem se apresentasse distorcida. Ela está sedenta, uma força a empurra e puxa. A mulher dividida é assim: existe a metade que é desbravadora, aventureira, que quer conhecer o que há lá fora, que tem uma urgência em ir embora, sem olhar o que deixou. A outra, prudente e talvez um pouco medrosa, deseja ficar, precisa de introspecção, de teto e um solo firme. Deseja apenas espiar pela janela, isso basta. Enquanto busca uma saída, a mulher cansada tenta tomar fôlego para tentar mais uma vez.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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