Essa pergunta é uma daquelas que as crianças fazem aos pais e muitos não tem a mínima ideia de como responder. Na verdade, a luz solar não é amarela nem vermelha, é branca - resultado da soma das sete cores do arco-íris (o violeta, o azul, o anil, o verde, o amarelo, o laranja e o vermelho) que compõem as ondas eletromagnéticas que viajam do Sol até a Terra. Segundo o meteorologista Willians Bini, nós enxergamos o Sol com tonalidades diferentes, ao longo de um dia, porque a atmosfera filtra os seus raios, separando as cores de acordo com o comprimento das ondas eletromagnéticas. A nossa percepção de cor está relacionada às partículas presentes no ar e pela distância que a luz percorre na atmosfera. “Existem partículas de poeira, poluição e gotículas d’água que interferem na nossa visão”, explica. Além disso, as cores também sofrem influência do horário. Ao meio dia, por exemplo, quando o Sol está alto, normalmente fica amarelo, isso porque as cores formadas por ondas eletromagnéticas de maior amplitude (o verde, o amarelo, o laranja e o vermelho) contornam as partículas e moléculas da atmosfera. Já as cores de menor amplitude (o violeta, o azul e o anil) não conseguem se desviar e "trombam", espalhando-se e tingindo o céu de azul. Mas então por que o sol aparece vermelho em algumas ocasiões? À medida que o Sol vai se pondo, seus raios têm que atravessar um pedaço maior da atmosfera, colidindo com mais obstáculos. Afinal, no crepúsculo, até as ondas longas (laranja e vermelho), acabam trombando e se desviando, avermelhando gradativamente o horizonte (embora o resto do céu continue azul). A vermelha é a última onda de luz que consegue cruzar a atmosfera e nos atingir, por isso o astro-rei fica vermelho no pôr-do-sol. No entanto, as belas paisagens que muitos brasileiros tem a oportunidade de contemplar diariamente nem sempre são frutos de uma beleza natural. Muitas delas podem ser resultado da poluição. Nos últimos dias muito tem se falado do tempo seco, dos baixos índices de umidade relativa do ar e seus inúmeros transtornos à população e ao meio ambiente. Um desses problemas são as queimadas, que chegam a destruir florestas inteiras. “Essas fuligens das queimadas ficam suspensas no ar e também interferem na cor que vemos o sol”, comenta Bini. Por esse motivo é que a estação seca no Brasil apresenta o sol avermelhado com mais frequência do que nos meses de verão, quando as chuvas são bem mais comuns. Um dos papéis da chuva é a de "lavar" a atmosfera, retirando parte dessas partículas em suspensão. Só este ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já contabilizou quase 40 mil focos de queimadas, utilizando apenas um satélite como referência. Esses números, embora assustadores e algumas vezes provocados criminalmente, refletem as condições do tempo. Uma prova disso é que no ano passado, quando tivemos chuvas atípicas, o número foi bem menor. Neste mesmo período - de janeiro a agosto - o total de queimadas de 2009 foi de pouco mais de 17 mil, menos da metade do total registrado neste ano de 2010.
|