Aqueles que estão na borda, o que ainda conseguem suportar? Os que estão na linha divisória, tateando sem ter exatamente um rumo certo, será que enxergam luz por alguma fresta? Abrem portas e janelas ou aguardam sedentos, inquietos, trancados no emaranhado dos quartos escuros e fundos da casa? Olhe, eles não agüentam a suavidade dos que desfilam aparentando êxito, sentindo-se gloriosos, em cima de suas precariedades. Ainda ontem me contaram que os tolos fazem festa e ensaiam um ar de sofisticação e alegria plastificadas. Os que estão na fronteira, sem espaço para avançar, circulam em torno de um incômodo latejante. Podem estar reprimidos, lutando para apaziguar seus instintos. Ah, mas se eles transbordarem, o que esperar? Não ignore, observe esses divididos que ainda clamam, gritam, suplicam por ajuda. Não deixe que eles afoguem ensimesmados, não permita que eles tropecem nos equívocos e caiam. Há indivíduos assim: estão aqui, acolá, no limiar.
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