Já escrevi algumas vezes sobre reciclagem, não apenas em crônicas, mas em matérias a respeito do tema onde tive a oportunidade de abordar a questão, tão atual e necessária. Considero uma atitude inteligente, já que a partir disso materiais podem ser transformados e reutilizados. Não penso em reciclar apenas papéis, vidros, metais, plásticos, entre outros. Sou a favor de uma reciclagem mais ampla, aplicada ao cotidiano, nos diversos relacionamentos que cultivamos vida afora. Se não transformarmos os sentimentos (especialmente se não forem positivos) ao longo do tempo, eles se acumulam em nossa mente, prejudicando a nós e aos outros. Por exemplo, se alguém sente ira por outra pessoa, o ideal é que esta possa ser modificada para uma raiva leve a princípio. Caso não haja chance de perdão no momento - o que seria muito nobre, mas requer tempo - que se transforme em indiferença. Embora ainda não seja o ideal, ao menos passou por um processo para futuramente transformar-se em ferramenta de aprendizado. Paixões avassaladoras podem ser recicladas e de repente eis que surge o amor, mais brando e duradouro. A euforia também pode ser transformada em uma alegria menos ensurdecedora e contraproducente. Ah, e mais estável em alguns casos. Vamos usar nossas estilosas ecobags, utilizar energia eólica, deixar o carro em casa e ir para o trabalho a pé ou em um transporte coletivo. E vamos transformar os sentimentos tóxicos que nos poluem intimamente em algo bom, sustentável. O entorno agradece: transforme óleo em sabão e indiferença em solidariedade.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
|