Hoje revi fotos antigas: algumas amarelas, desbotadas, retratando um tempo tão longínquo que fiquei um pouco assustada. Um bebê em sua ingenuidade, sem imaginar o que viria pela frente; a família unida, quando todos moravam juntos e formavam um lar; revi amigos com quem andava grudada, unha e carne. Alguns permanecem em minha vida, outros não vejo mais. Bons tempos aqueles... Observei atentamente as fotos da formatura, os sorrisos fartos, os sonhos retratados, as ilusões acalentadas. Em outras vi o mar, rochedos, vi Minas e Pernambuco, Bahia e Manaus, Rio de Janeiro, Paraná e Portugal. Lembrei de cães e gatos do passado, vi avenidas ainda não asfaltadas, crianças brincando na rua, hoje em dia tão raro. Vi parentes que partiram, vi outros que resistem e insistem em ficar, vi o brilho nos olhos daquelas pessoas com tantos ideais. Alguns conseguiram realizá-los. Vi uma fazenda onde gostava de estar, vi boa gente de quem sinto saudades, vi que em um álbum de retratos cabe tanta memória, tanto sentimento, que confesso: aquelas imagens, carregadas de significados, hoje, me deixaram um tanto desassossegada.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
|