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SEÇÃO
Meio Ambiente
03/02/2010 - 20h47
De quem é a culpa?
Liana Merladete
 
Prevenir é melhor que remediar é o conselho da GR2 Gestão de Resíduos

É impossível não se comover diante das tragédias que abriram o ano de 2010. Para alguns, a fúria da natureza é a resposta. Mas os estudiosos, no entanto, analisando passado e presente, acabam relacionando a influência do homem aos eventos ocorridos.

O fato é que não é possível tratar os eventos ocorridos como fatos isolados. Na verdade, na maioria das vezes o que se vê é uma sucessão de ocorrências com íntima conexão. Tratar das chuvas intensas em Angra dos Reis, São Luiz do Paraitinga, e até aqui, na nossa região, por si sós, é ficar na superfície da questão, já que sempre choverá no verão – e haverá pontos em comum quando esse tipo de evento ocorrer simultaneamente. Mas deixar de buscar as reais causas desses desastres, sejam elas provocadas por ações naturais ou antrópicas, é a própria sociedade.

Por mais que as condições climáticas interfiram no excesso de chuvas das regiões Sudeste e Sul, elas não podem ser responsabilizadas isoladamente. Conforme os estudiosos, por mais abrangentes que sejam os domínios científicos e as tecnologias atuais, os desastres naturais continuam sendo recorrentes e assim serão se atitudes não forem tomadas.

Quem compartilha da opinião é Gilson Tadeu Amaral Piovezan Jr., engenheiro civil, especialista em Gestão de Recursos Hídricos e Mestre em Hidráulica e Saneamento. Para ele, todos eventos de chuvas fortes, enchentes e deslizamentos são processos naturais e sempre ocorreram e ocorrerão: “o que estamos vendo nas notícias em todo o País, é a combinação da ação natural e a ocupação antrópica desordenada dentro da bacia hidrográfica”, explica.

Para o também diretor da GR2 Gestão de Resíduos, os locais onde ocorrem os maiores acidentes são áreas de risco, como áreas de alague dos rios e encosta de morro. “E, infelizmente, essas áreas são invadidas por pessoas de baixa renda. Além disso, a ocupação de terrenos em áreas que não possuem risco, também está sendo habitada de forma incorreta”, ilustra o diretor.

Ele conta que quando construímos, impermeabilizamos o terreno e com isso alteramos as condições naturais de escoamento natural da água da chuva. “Um exemplo disso é a cidade de São Paulo, em que chuvas de média e grande intensidade causam enchentes imediatas”, exemplifica ele.

Piovezan Jr. acredita que o cenário que causa dor e comoção só poderá ser alterado positivamente por meio da ação pública. Isso nos quesitos de ordem estrutural e não estrutural.

Preocupado com a questão, o diretor é taxativo: “Pouco ou quase nada dos investimentos estão destinados à prevenção. No entanto, quando há catástrofes, como estão ocorrendo no momento, volta a se discutir sobre as prevenções que poderiam evitá-las. Mas vale ressaltar que remediar custa mais caro. O que carecemos é de prevenção”.

Piovezan Jr. diz que, trocando em miúdos, a melhor forma de evitar esses problemas é o inicio imediato de políticas públicas que disciplinem a ocupação ordenada da bacia hidrográfica. “E, secundariamente, a execução de obras que visem minimizar os impactos negativos das ações naturais”, completa o especialista.

Em resumo – A dica de Piovezan Jr. é simples e fundamental. “Todos os projetos devem ser estudados de forma a considerar suas características e a sua interação no ambiente no qual ele está sendo projetado.

Para quem não sabe, essa parte é uma das competências das empresas, de caráter multidisciplinar, do Grupo Build. “Não raro, muitos empreendimentos estudados pelos técnicos do Grupo são mudados de lugar devido as suas características. Um exemplo disso são as indústrias que geram grande quantidade de efluentes industriais. Essas devem ser instaladas em locais que estejam perto de recursos hídricos capazes de receber esse efluente tratado da indústria e, associado a isso, essa empresa deverá ter impacto mínimo sobre as questões de infra-estrutura (estradas, luz etc.), utilização de recursos naturais, gerenciamento dos seus resíduos etc.”.

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