Passei da casa dos trinta anos de idade e continuo essencialmente a mesma. Inexperiente para algumas coisas, madura para outras, crescendo em todos os sentidos (exceto na estatura, naturalmente). E observando, sempre. Interessante como algumas pessoas aparentemente desprivilegiadas deslancham, parecem deslizar pela vida, transitam entre as adversidades com uma naturalidade de admirar. E outras, com todas as ferramentas possíveis para melhorar, regridem sob determinados aspectos. Sei de gente humilde, que não recebeu grandes oportunidades de estudo e trabalho, além de afetivas, e prosperou. Espremeu o limão e fez uma limonada da melhor qualidade. Figuras ágeis, interessadas não apenas pelo seu umbigo. Solidárias, afetuosas, fraternais. Evoluíram não apenas intelectualmente e financeiramente, mas pessoalmente. Não estagnaram. Alargaram suas mentes e hoje sentem-se plenas. Ao contrário, dá uma pena danada ver outras tantas que estacionaram no QI, tornaram-se indivíduos enciclopédicos, mas não adquiriram consciência emocional. À medida que se tornam "Phdeuses", não conseguem disfarçar uma certa ironia e um sentimento de (pseudo) superioridade que no fim das contas, só pode ser insegurança. Talvez por desejarem ser espontâneos e claros, até mesmo livres e não possam. Citei exemplos, mas existe de tudo e conheço estudiosos formidáveis, simples, muitíssimo bem resolvidos que não se tornaram ensimesmados, autocentrados e complexos. Não quero entender o motivo de tantas capas, de tantos títulos e rótulos. Bom mesmo é ser o que somos, de verdade, honestos com a vida e com nosso propósito. No fim das contas, acredite, o essencial prevalece.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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