O tempo foge e nós corremos tentando alcançá-lo. Desejamos tocá-lo, detê-lo, compreender o motivo de tanta pressa. Ultimamente, tenho sentido que tudo urge, é para ontem, tem ânsia e não pára. Raros são os que contemplam, meditam, colocam-se à disposição. Nos encontramos cada vez menos, nos falamos pouco, quase não nos tocamos. E o tempo passa, sem nosso consentimento, sem nossa aceitação. Uma busca incessante pela sobrevivência, pelo consumo, por cada vez mais. O que pode ser saudável, claro, mas pode sair muito caro. A vida cobra, a consciência e o corpo, idem. O alarme dispara quando o vazio se instala e esse ritmo alucinante é para evitar um encontro íntimo. Ninguém foge de si, não há como evitar. O mundo nos ombros e o sorriso no rosto para disfarçar uma existência insatisfatória. Um cansaço incessante, as lacunas, os excessos de quem não abre espaço para refrescar a memória e abrir coração. Cuide-se, fique atento. Cada minuto pode ser o último. Acorde, escute, o tempo está aqui, agora e o movimento é constante. O tempo foge.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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