Um pássaro está em um local impróprio, hostil à sua sobrevivência. Ninguém sabe ao certo por onde entrou e tentam, em vão, abrir caminhos para que ele perceba que pode e deve sair em busca de liberdade. Desnorteado, batendo no teto, com receio de prosseguir e alçar vôo, sofre. Sofremos nós ao nos sentirmos impotentes para ajudá-lo. Ele não entende, não há diálogo possível. Entre nós, humanos, que contamos com a fantástica ferramenta do pensamento, muitas vezes nos parecemos com o pássaro desgovernado. Dominados pelo receio, nos tornamos reféns de nós mesmos. Ficamos sem saída, ou pensamos estar em tal condição. Ainda ouço o passarinho em sua agonia. Não posso libertá-lo do cativeiro desnecessário. Quantas vezes tentei seguir meu caminho e fiquei encurralada, ávida por bater asas e ir para outros lugares... Quanto a seu destino, não estou certa. Apenas espero não entrar em gaiolas, mesmo que não sejam palpáveis, ainda que pareçam seguras.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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