Para os dias não caírem na monotonia, já que a rotina é quase uma fatalidade, encontrei uma maneira de não deixar o tempo escoar sem ser devidamente aproveitado. Toda a atenção está no momento presente. O foco é sempre o aqui, agora, não importa se vivencio uma emoção mais forte ou se levo em fogo brando. É assim que encontro prazer nos hábitos mais simples, que poderiam passar sem qualquer contentamento. Tomar um café na padaria da esquina ou na livraria que frequento tornaram-se excelentes momentos. Um papo interessante com um conhecido que não vejo há tempos, passar os olhos em um livro que virá daqui a pouco enriquecer minha pequena biblioteca - mas que não será adquirido imediatamente para que eu aprenda a esperar o momento para cada coisa - diminuir o imediatismo, já que não há urgência. Planejar os detalhes de minha viajem a uma cidadezinha próxima, pequena, pacata é um deleite. Caminhar até o trabalho e observar a paisagem e a cada dia descobrir algo novo, que não havia observado anteriormente. As flores miúdas que enfeitam as janelas das casas antigas do bairro onde vivo sorriem para mim todos os dias de manhã bem cedo, e agradeço o gesto. Beijo, abraço, bom dia, obrigada, com licença, por favor, te amo, estou com saudades, preciso comprar frutas, o pão, o leite, o iogurte, todo dia é a mesma coisa. E a mesma coisa pode ser uma dádiva, para quem souber aproveitar.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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