A vida é instável, imprevisível, além de não ser feita de garantias. Mudamos o tempo todo, em coisas mínimas, a cada dia, mesmo sem muita consciência a respeito. Quando algo transforma-se bruscamente, é natural nos sentirmos perdidos, sem chão. Quanto maior o apego, maior a angústia do que já não é mais. A essência da angústia humana reside neste ponto, no apego. Outro dia lembrei de um comentário que ouvi de um médico a respeito do stress. Ele afirmou que a situação mais estressante que passamos na vida é o momento em que nascemos. Dá para imaginar o motivo. Sair do útero aconchegante e pular para as bandas de cá não é moleza. Um choque. Tem que estar muito disposto a lutar. Depois de passar por muitas mudanças, procuro aceitar essa realidade que é tão óbvia, mas que ainda assim a maioria prefere ignorar. Ao perceber as transformações como um processo natural da existência, fica menos difícil aceitar e adaptar-se aos novos fatos, que ora nos deixam perplexos, assustados, ora trazem alento e apontam novas direções. Estou partindo para o novo, o inusitado, o desconhecido. Malas prontas. Na bagagem apenas o essencial, na memória, apenas o que foi bom, no futuro, a esperança de um tempo muito melhor.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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