O crescimento econômico acelera a indústria e, consequentemente, melhora a renda e o consumo, aumentando a demanda de mobilidade na cidade. Nas grandes capitais brasileiras, estamos chegando a um limite, no qual a mobilidade urbana precisa acompanhar o ritmo desse crescimento de forma sustentável. Isso significa maior reflexão por parte da população sobre a utilização racional do veículo, já que o aumento da produção está relacionado com a demanda gerada pelo próprio crescimento econômico.

Um dos caminhos é combinar outras soluções para essa mobilidade, como a melhora da infra-estrutura do transporte público, o mapeamento de zonas críticas de congestionamento, mobilidade virtual (internet) e sistemas de business intelligence, principalmente em horários de pico - nas manhãs e nos finais de tarde.

A ligação de três setores, empresas, estabelecendo políticas de mobilidade sustentável para seus colaboradores; o Estado, desenvolvendo políticas de incentivo para facilitar os deslocamentos; e o terceiro setor, trabalhando a consciência da comunidade, é fundamental para o início da solução do problema. Ou seja, acima de tudo desenvolver a consciência sustentável sobre a importância da mobilidade como suporte para o desenvolvimento econômico.

Exemplo de sucesso, Washington, nos Estados Unidos, possui cerca de seis milhões de habitantes (é o 14° mais populoso do país), onde 83% das pessoas vivem em áreas metropolitanas. Sendo um dos principais pólos industriais - abriga corporações como Microsoft, Boing, Amazon e Nintendo -, Washington desenvolve ações que fazem a diferença. Desde 2006, o governo exige a redução de deslocamentos de pessoas, fazendo com que nove dos 39 condados locais com os maiores índices de poluição e de engarrafamento de automóveis desenvolvessem e executassem planos para reduzir a circulação de veículos com um único ocupante.

Esta lei é conhecida como CTR Law (Commute Trip Reduction) e, na prática, encoraja as pessoas a utilizarem meios de transporte alternativos, como metrô, bicicletas, caminhadas e, principalmente, a carona solidária. O estado norte-americano percebeu que os programas de carona tornavam os meios de transportes mais eficientes.

O aumento de pessoas que aderiram ao programa através de carona corporativa ou de bicicleta vem reduzindo sistematicamente os engarrafamentos diários e os atrasos dos trabalhadores. Consequentemente, o tempo perdido nas manhãs diminuiu. Os resultados? A ausência de 19.200 veículos a cada manhã reduziu o atraso das pessoas a seus compromissos em 18% . Houve redução no consumo de gasolina em aproximadamente 7.9 milhões galões. Igualmente, as emissões de dióxido de carbono foram reduzidas em quase 85.600 toneladas/ano.

Outra iniciativa do governo de Washington foi desenvolver um projeto com as empresas com mais de 100 funcionários, no qual o poder público subsidia o programa de deslocamentos de funcionários através da isenção de taxas vinculadas ao trânsito. A medida começou a estimular empresas a desenvolverem programas internos de passe mensal de vampools, metrô e ônibus para conseguir as reduções de deslocamentos de veículos. Além disso, o programa estimula as empresas a adotarem horários de trabalho flexíveis entre 6 e 9 horas da manhã. Ao todo participam 1.110 empresas, totalizando mais de 560 mil pessoas. Para saber mais, visite www.wsdot.wa.gov.

Seja nos Estados Unidos ou aqui, a conclusão é a mesma: o congestionamento atrapalha o crescimento da economia como um todo. Nas principais vias, filas de caminhões perdem tempo no trânsito. Um desperdício. Isso afeta o custo do frete e da logística, e piora a qualidade do ar. Sem contar que as pessoas poderiam fazer outras coisas com o tempo perdido. É preciso ter em mente a noção de cidadania e de responsabilidade socioambiental.

Nota do Editor: Lincoln Paiva, 40 anos, é publicitário, sócio da agência Believe Comunicação Viva e idealizador do Programa MelhorAr de Mobilidade Sustentável.