Perguntas e respostas
Quais os problemas estéticos mais recorrentes na pele negra? Por quê? Normalmente são as manchas ou lesões que conhecemos como discromias, em outras palavras, as alterações de pigmentação. Isto ocorre porque as células que produzem o pigmento de nossa pele (a melanina) costumam trabalhar produzindo um pigmento maior e em quantidade superior na pele negra. Apesar de este pigmento proteger melhor a pele das agressões solares e ser um excelente protetor contra os tumores, qualquer disfunção em sua produção levará, com maior facilidade, à formação de manchas. O vitiligo seria um destes problemas? Como evitar que os sinais surjam ou aumentem? Existe algum risco para a pessoa que não tratar? Apesar de o vitiligo ser uma doença do grupo das discromias, este não é um problema mais freqüente na pele negra e costuma ter uma distribuição equilibrada entre as peles brancas, orientais, mulatas e negras. Porém, por conta da diferença mais expressiva entre a tonalidade de pele negra e as zonas com ausência total de pigmento acometidas pelo vitiligo, ele acaba sendo mais impactante neste tom de pele. É difícil prever quando os sinais do vitiligo irão surgir, exceto se o paciente já tenha um histórico prévio do problema. No geral, as lesões surgem após eventos de estresse e traumas na própria pele, provocados, por exemplo, pelo atrito entre a pele e a roupa (áreas mais atritantes são a cintura da calça, as alças de sutiã, tiras de sandália e/ou sapato etc.) ou em áreas de atritos como cotovelos, punhos, nós dos dedos, joelhos e zonas próximas aos orifícios naturais do corpo (ao redor de olhos, boca, genitais e anal). O risco de não se tratar é a expansão das lesões e o crescimento do problema pela pele. Fora isto, as áreas acometidas pelo vitiligo são mais propensas ao câncer de pele, pois perdem a proteção contra as radiações solares promovidas pela melanina. Qual a frequência de acne na pele negra? Este tom de pele está mais sujeito a ficar marcado? Apesar da produção de oleosidade em peles negras ser discretamente maior do que em peles mais claras, não há muitas diferenças quanto à frequência de acne. No final, encontraremos negros mais ou menos propensos, assim como temos em indivíduos de pele clara ou oriental. Porém, o risco das acnes mancharem é maior, pois a pele negra já apresenta produção elevada de pigmento e em situações como a inflamação causada pela acne, o estímulo à sua produção aumenta ainda mais. Quais as principais causas de manchas em peles negras? Há como evitá-las? As principais causas são: excesso de sol, acne e manchas conhecidas como melasma (causadas por certo estímulo hormonal - anticonceptivos ou gestação). A melhor forma para evitá-las é utilizando filtro de proteção solar 8 no dia-a-dia (a partir de 15 na praia), ou pelo uso de bloqueadores físicos, como é o caso de chapéus e bonés. No geral, o ideal é ficar sempre atento às causas e tratá-las de forma competente. É verdade que a pele negra tem diferentes tonalidades pelo corpo? O que fazer para a cor da pele ser mais homogênea? Todos têm diferentes tonalidades pelo corpo: claros, negros e orientais. Isto ocorre porque a distribuição de células de pigmento no corpo não é uniforme. Este fato fica mais evidente nos negros porque nas áreas de maior ou menor concentração destas células as variações de tonalidade ficam mais expressivas. Situações que permitem uma tonalidade mais homogênea da pele são: boa hidratação, esfoliações periódicas (de duas a três vezes por semana) e uso de filtro de proteção solar. Quais os principais tratamentos faciais e corporais para os negros? São pacientes que se beneficiam com limpeza de pele, peelings superficiais, hidratações faciais e corporais, massagens, esfoliações físicas, laser de baixa potência (para rejuvenescimento e clareamento de manchas). Fora os procedimentos citados, o uso de produtos em ambiente domiciliar é extremamente necessário (filtro de proteção solar, agentes de renovação da pele - ácidos - , hidratantes, antioxidantes etc.) Laser e ácido retinóico podem ser usados pelos negros? O laser pode ser utilizado, desde que tenha configurações que sejam específicas para este tipo de pele, a fim de evitar problemas como agressões excessivas e manchas; e que a pele tenha passado por uma preparação para ficar com a pigmentação mais homogênea. Sobre o uso do ácido retinóico, quando bem orientado, é um excelente produto para qualquer tipo de pele e os negros se beneficiam muito de seu uso. Os negros podem optar por técnicas de correção durante o verão? Desde que se comprometam a tomar cuidado extra contra as radiações ultravioletas, poderão fazer qualquer tipo de tratamento. Vale lembrar que existem regiões quentes em todo o mundo, que por conta de sua localização costumam ter invernos tão quentes quanto nossos verões. Será que nestes países ou regiões as pessoas não tratam de suas peles por conta do calor? É claro que sim, porém o que acaba valendo mais é a forma como encaram o tratamento: com mais disciplina, responsabilidade e respeitando o que pode ser feito para cada tipo de pele. O que se pode fazer em casa sem riscos à saúde da pele? Hidratação, esfoliação e cuidados gerais orientados pelos dermatologistas. A pele muda conforme a idade? Sendo assim, como definir uma pele bonita? Acredito mais na maneira como o paciente se comporta frente à vida do que em conceitos de beleza. Vejo cada vez mais chegar a minha clínica pessoas lindas, que se tornam feias porque não têm uma atitude positiva, determinada ou feliz frente à vida. Enquanto outros, muitas vezes sem muitos atributos físicos que agradam a grande massa da população, tornam-se bonitos pela forma como encaram suas vidas. No que diz respeito à pele, muitos acreditam que rugas, manchas e flacidez acabam sendo fatores que a definem como mais ou menos bonita. Sou do mesmo propósito. Uma pele bem equilibrada em termos de pigmentação, com linhas de expressão ausentes ou em pouca quantidade (rugas são sinais que podem ser charmosos de pessoa para pessoa) e uma pele firme e bem hidratada é essencial. Qual o segredo para ter uma pele sempre viçosa e saudável? São vários segredos: boa higienização, tonificação, esfoliação periódica, hidratação, prevenção contra as agressões solares (uso de filtro de proteção solar), alimentação equilibrada, atividade física e/ou meditação para controlar o estresse, além de ter uma atitude positiva frente à vida. Nota do Editor: Dr. Ademir Jr. (www.ademirjr.com.br) é médico dermatologista pela Internacional Association of Trichologists. Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, da Sociedade Brasileira de Termalismo, e da Sociedade Brasileira de Medicina Estética. Presidente do Grupo de Apoio a Portadoras de Síndrome dos Ovários Policísticos - GAPSOP. Professor de Anatomia e Fisiologia da pele no curso de Pós-Graduação em Cosmetologia das Faculdades Oswaldo Cruz - SP/SP. Autor dos Livros: "Socorro, Estou ficando careca", publicado pela Editora MG em 2005, "Tem alguma coisa errada comigo - Como entender, diagnosticar e tratar a Síndrome dos ovários Policísticos", publicado pela Editora MG em 2004 e "É outono para meus cabelos - Histórias de mulheres que enfrentam a queda capilar" - Editado pela Editora Summus.
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