Outro dia fui fazer um curso sobre crédito de carbono em um hotel da zona nobre de São Paulo. A intenção era conhecer melhor o assunto e estar antenado com a novidade, que é um modismo atualmente. Confesso que fiquei com sentimentos antagônicos, variando de preocupação a orgulho. A preocupação é baseada no cenário extremamente desfavorável do mundo em que vivemos. Mesmo trabalhando diariamente e diretamente com conceitos ambientais e promovendo sua melhoria através da empresa da qual sou diretor, não foi possível conter a perplexidade diante do conhecimento da real situação em que o nosso planeta se encontra. Saber que a Groenlândia é uma ilha gelada ou congelada com 3 km de altura, que em 1996 despejava 35 km³ de gelo no mar e que em 2005 despejou 86 km³, não é fácil de entender; até por que os cientistas não sabem direito as reais conseqüências globais desse aumento da "produção" de gelo no mar. Ou, ainda pior, verificar o desmatamento amazônico em progressão geométrica. Saber que o planeta consegue absorver apenas 1/5 do CO2 gerado, sendo que os outros 4/5 ficam produzindo o efeito estufa, projeta um futuro temerário e um presente de planejamento emergencial objetivo. Desde a ECO-92 no Rio de Janeiro, nosso país vem demonstrando certa preocupação ambiental, mas o fato positivo é que o Brasil é um dos três maiores países em projetos de redução da emissão de gases formadores do efeito estufa. O protocolo de Kyoto de 1997 definiu uma redução de 5% dos gases emitidos com base nos valores do ano de 1990. Especialistas ambientais e cientistas dizem que esse número deveria ser de pelo menos 20% para minimizarmos as respostas da natureza - aquecimento global, e ainda - tsunamis, tufões, furacões, enchentes etc. Kyoto determinou os gases mais comuns que geram degradação, e o dióxido de carbono (CO2), representando 79,8%, ganhou o status de referência 1 (um). Não menos importantes são o metano (CH4), representando 12,1% ficou com equivalência / peso 21, o óxido nitroso N2O, com 6,7%, ganhou equivalência 310 pela potência de suas conseqüências, e assim formulou-se um peso e equivalência para vários gases que tem uma atuação direta no efeito estufa. A idéia do sistema é a compra por parte dos países desenvolvidos - que chegaram lá após usar e abusar da natureza - de créditos de carbono dos países pobres e em desenvolvimento que se utilizam de "mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL)" com sistemas produtivos menos poluidores. Nosso país, vanguardista no assunto, normalmente peca pela burocracia e falta de continuidade, e embora tenhamos muitos pontos positivos, como uma das produções mais limpas do mundo de energia, através da hidroelétricas, grandes projetos ambientais em curso, uma comunidade ambientalmente inteligente e atuante, e que cresce a cada dia, entre outros, também temos muitos pontos negativos começando pela falta de legislação para a comercialização dos Créditos de Carbono gerados pelos projetos nas empresas, a avidez arrecadatória das vendas dos créditos, a falta da educação ambiental como parte da educação básica do cidadão, falta de fiscalização e falta de ações governamentais mais firmes. De qualquer forma, recomendo que façamos a nossa parte, protegendo a vida humana nas coisas mais simples - não jogue lixo nas ruas, recicle, não compre de empresas poluidoras, colabore com os organismos ambientais etc. Faça a sua parte.
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