Ar, terra, água e fogo. Esta não é, exatamente, a ordem em que os quatro elementos são mencionados, mas, considerando a desordem com que vêm sendo tratados, tanto faz. O ar, o mais fundamental para a vida terrestre, está contaminado, sobretudo nos grandes centros populacionais e industriais. Em casos extremos, máscaras passaram a integrar a indumentária dos pedestres. A terra nos dá a maior parte dos alimentos. A vegetação que dela brota é responsável pela depuração do ar. De suas entranhas são extraídos minerais e substâncias indispensáveis à sobrevivência e evolução dos seres vivos. Mas, o extrativismo selvagem destrói a vegetação que depura o ar e estabiliza o solo. Com isso, abre espaço para a erosão e, no limite, para a desertificação. Ironicamente, os que destruíram suas florestas querem, hoje, preservar, internacionalizar ou tomar para si as dos outros... A água? Bem, existe muita água, é verdade: água que flui continuamente, desde tempos imemoriáveis. Mas, menos de 1% dela é potável e os mananciais estão, em grande parte, fora dos territórios das grandes potências econômicas. Elas também parecem estar vivamente interessadas em sua “preservação”. Teorias de conspiração à parte: parecem muito mais do que interessadas. Mas, mesmo esse 1% vive sob constante ameaça, pois a mesma chuva que "lava" o ar, trás seus poluentes para o solo que, somados aos defensivos agrícolas agressivos, metais pesados das indústrias e garimpos, e resíduos de toda espécie, poluem rios e aqüíferos. Já o fogo é o único elemento que permanece firme, forte e pródigo! Ele está em toda parte: no aquecimento global, nas queimadas, nas guerras, na violência urbana e rural, na busca insana pelo lucro. Esse "fogo" dizima o ar e a terra, e parece não haver água que o apague. Mas a culpa não é do fogo: é de quem o ateia e fomenta por ignorância, estupidez, ganância... A falta de consciência ambiental dos grandes conglomerados econômicos internacionais e governos impede que seus "visionários" e "carismáticos" dirigentes antevejam as consequências de seus atos, talvez por terem sua visão encoberta pela fumaça dos charutos e cachimbos, que acendem para celebrar sua soberba. O Protocolo de Quioto plantou a semente para uma mudança de atitude global, mas os principais atores desse processo devastador e poluidor insistem em ignorá-lo. Leais aos seus princípios históricos, às vezes "justificados" por crenças oportunas, para eles o lucro continua a vir sempre em primeiro lugar. Para eles, mesmo o caos é encarado como oportunidade de ganhos. Guerra, violência, doença, fome e pobreza são lucrativas, e podem ser "excelentes" investimentos, antes, durante e depois. Não é à toa que, quando ocorre uma catástrofe, enquanto uns correm para prestar solidariedade, outros correm para as Bolsas de Valores. Talvez, a crise ambiental não lhes pareça real, nem próxima, vista de seus escritórios climatizados, restaurantes e hotéis refinados, ou paraísos que elegeram e preservam para seu desfrute. A água de Vichy ainda continua cristalina. O ar de Aspen, Val d’Ysère e de outras estações de inverno da moda, ainda continua puro. Os mares do sul e do Caribe ainda estão límpidos. Estão alheios, mas não estão imunes, em absoluto! Os elementos da natureza correm risco e com eles a humanidade! Ainda temos elementos suficientes para reverter esse quadro, mas, para tanto, é preciso que os elementos humanos que governam o planeta aprendam a controlar sua ganância. Cabe a cada um de nós conscientizá-los, antes que: água, terra, fogo e ar não nos sirvam mais! Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é mestre em educação, escritor, engenheiro, professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA) e compositor. E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.
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