Esses dias tenho pensado a respeito de felicidade. Faz um bom tempo que não creio na tal felicidade perene, ininterrupta. Prefiro aproveitar os momentos felizes e recordá-los vez ou outra. Não preciso de fatos grandiosos para me sentir plena. Meu contentamento vem de coisas muito, muito simples. Vivo com muita intensidade, com os pés fincados no presente para não perder oportunidade. Se estou com a família, valorizo os instantes. Com os amigos, o mesmo. Sair para dançar tem sido uma das coisas que mais me agradam ultimamente. Danço até a última música e no dia seguinte a coluna dói. Não reclamo, prefiro pensar que está doendo porque estava feliz da vida sacudindo o corpo freneticamente. E tratei de marcar uma consulta para poder avaliar a situação. Já, já, estará resolvido. Terminar um ciclo e iniciar outro, com novos projetos e ter a sensação de missão cumprida é outra fonte de felicidade. Saber que com tantos obstáculos, com tantas adversidades, consegui seguir sem jogar a toalha. Mesmo que as coisas não tenham saído do jeito que gostaria, fiz o que foi possível e hoje é gratificante colher o resultado da persistência. Senti um cansaço na alma para levar o projeto adiante, mas valeu a pena! Isso também é felicidade! Escutar as pessoas é uma grande fonte de satisfação para mim. Pelo jeito as pessoas andam um pouco carentes de um ouvido amigo. Não me importo em escutar, ao contrário, é uma qualidade que tenho e admiro. Normalmente são pessoas que me encontram em livrarias, pontos de ônibus, padarias, farmácias, supermercados. Como ando muito a pé, acontece de alguém caminhar ao meu lado e contar sobre a vida, as alegrias, as decepções. Felicidade pode ser alcançada através de solidariedade. É claro que condições externas favoráveis, passeios, viagens, um bom emprego, pessoas interessantes, tudo isso traz bons sentimentos. Afinal, o cérebro interage com o meio e estímulos positivos ajudam, e muito. Mas causa uma certa dependência, já que a tendência é nos apegarmos e considerarmos condição essencial para nos sentirmos bem. Sempre defenderei que felicidade é um estado íntimo, são as nossas posturas diante dos fatos, uma interpretação da vida. Aproveito tudo o que me é oferecido, considero presentes, mas construo em meu íntimo, paulatinamente, o alicerce para uma vida muito mais feliz.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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