Tenho ouvido muito sobre resiliência, um termo que, na física, define a capacidade de um material recuperar seu estado normal após passar por tensão e a mesma for suspensa. Trazendo para o cotidiano, seria a capacidade de um indivíduo recuperar-se após passar por situações adversas, em altas condições de “temperatura e pressão”. Situações que deixam qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade fora de órbita, os desafios que enfrentamos, o inesperado, o inevitável. A resiliência, creio eu, é mais do que simplesmente suportar algo que incomoda. É utilizar o poder do discernimento, do equilíbrio, da sabedoria para lidar com as decepções, frustrações, tristezas, desilusões. É ter muito, mas muito jogo de cintura para aguentar o tranco sem perder a compostura. Sem faniquito, sem ladainha, sem perder o rebolado. Conheci pouquíssimas pessoas que tiraram de letra as chapoletadas e superaram, foram resilientes, perseveraram sem maiores sequelas. É da natureza de cada um, eu aplaudo esses guerreiros, sinceramente. Enquanto alguns se descabelam por conta do cheque especial, outros estão serenamente velando um amor, um companheiro de cinquenta anos, um filho, o cachorro de estimação. Alguns escutam um “não” e dão cabeçada na parede, outros são arrastados vida afora, ternos e brandos. Eu ainda não caí das nuvens, ainda tento compreender a complexidade humana que desperta minha curiosidade, mais que qualquer outra coisa. É a resiliência que está aqui, insistindo em me dar apoio. Juro que um dia chegarei lá, com um pouco mais de elegância.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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