Outro dia ouvi algo incômodo: chorar é sinal de fraqueza. Há várias formas de externar a dor, e o choro é uma delas. Tirando os excessos, porque aí pode ser mais que apenas tristeza, chorar faz parte do processo de cura, alivia e ajuda a nos reestruturarmos. Fraqueza coisa nenhuma, chorar é para quem tem capacidade de demonstrar o que sente. Seres humanos sofrem, tem emoções, seguram quando necessário e as liberam em um momento oportuno. Ou então quando não há mais controle e o choro vem a qualquer hora: na fila do banco, no consultório do ginecologista, no enterro da tia-avó, no casamento da amiga, na ópera, na capela, no charrasco da turma, no telefone com quem você precisa dizer umas verdades. Vem os choros que não foram chorados, os da infância, os da adolescência, o daquele dia em que você perdeu o emprego, daquele fora que levou, da perda de alguém querido, de desespero ou mesmo felicidade. Despeje, lave a alma, fique à vontade, ainda não há lei que proíba o choro. Que assim seja. Chorar no chuveiro é válido. Quem não chora na frente de terceiros costuma utilizar esse recurso. Isso mesmo, prossiga, coloque uma música nostálgica para incentivar, é funcional. Lave corpo e mente, agache, apóie a cabeça na parede e sinta o que tiver que sentir, fique com a cara vermelha feito pimentão, mas por obséquio, não guarde, para não endurecer e ficar feito rocha, que é tudo o que não nascemos para ser.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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