Acabei de receber um e-mail muito interessante que está circulando na internet (e não revela a autoria) a respeito do quanto é significativo e difícil para o universo feminino os primeiro encontros com um homem quando se está, digamos, conhecendo aquele novo ser que deu o ar da graça em sua vida. Ela sugere quase um stress antecipatório, mil rituais estéticos, enriquecido com detalhes a respeito do vestuário, os cuidados com a pele e os cabelos, de uma forma muito espontânea e divertida. E frisa ainda o custo financeiro que isso gera e que, para agravar, os homens sequer imaginam a ginástica física e psicológica que tais encontros envolvem! Desmarcar, jamais! A não ser que algo muito grave aconteça, é o apelo que ela faz no texto! Depois de rir um bocado, tive que concordar. Eu não sou das mais neuróticas em relação à questão material da coisa. Coloco uma roupa que caia bem, a boa e velha sandália rasteira, corretivo nas olheiras, batom, ajeito o cabelo com o secador, levo uma de minhas bolsas gigantescas e lá vou eu e minha espontaneidade. Mas o emocional depende do grau de interesse. Quando o cidadão é descolado, facilita. Se for um tipo mais tímido, adoro, mas aí complica de vez. Primeiro porque tenho que tomar mais iniciativa do que o normal e morro de vergonha. Outra é que se o tímido ainda for muito fechado, não sei se levo para o coreto da cidade, para uma biblioteca, para almoçar, jantar, jogar carteado, visitar o museu, para um show de MPB ou para a gafieira. Na dúvida, convido para um café. Começa o meu drama. Sou um pouquinho trêmula e somado à “pequenina” ansiedade que o encontro gera, pronto: seguro a xícara do cafezinho com aquela asinha minúscula e ela balança, balança... A pessoa nota, finge que não viu, eu vejo que ela viu, tomo de um gole só e corro o risco de, bem, você sabe... O início é realmente estranho, estamos pisando em território desconhecido. Mas acho o pós encontro muito mais difícil. Será que ele vai ligar, será que falei demais, eu não deveria ter mencionado que meu tio sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo! O que ele vai pensar? Se bobear, nem irá lembrar. Quantas questões cabeludas e sem respostas. Por que as coisas não podem ser mais simples? Claro que podem. Não quero quebrar o clima que envolve os primeiros encontros, mas vamos direto ao ponto. Não precisa entregar o jogo, as pessoas querem ter um tempo, analisar, ver se querem continuar a ver a criatura ou despachá-la para todo o sempre. Gostaria apenas que os homens falassem abertamente, não nos deixassem de molho, nos indicassem um caminho para saber se continuamos lutando ou largamos o osso de vez. Será que é pedir demais?
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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