Pé no freio é minha denominação pessoal para um ritmo de trabalho menos apocalíptico, para saborear os livros que estavam me aguardando lá na estante do quarto, cortar o cabelo, tratar daquelas olheiras que instalaram-se em meu rosto sem cerimônia, limpar a geladeira, assistir a programas de TV que acrescentam, ir ao cinema, ao teatro, passear sem a neurose do retorno para casa, bater papo com as amigas e relembrar os bons tempos, pensar um pouco mais em mim, notar que sou uma mulher e não um robô programado em tempo integral. Não sou maratonista nem estou brincando de estátua, por isso tento dar uma equilibrada entre os compromissos e os simples prazeres, que se bobear deixo escapar, enquanto fico exageradamente preocupada com o futuro ou tentando me desvencilhar de um passado que pesa na bagagem. Hoje fiz tudo com calma, surgiu uma serenidade que anda fugidia, que parece contravenção em uma sociedade alucinada pelo frenético, efêmero e raso. É possível ser competente sem o "glamouroso" stress contemporâneo, ser feliz sem a futilidade que teima em alojar-se entre os escravos da imagem, estar em paz mesmo que ao redor haja desordem e rivalidade.
Nota do Editor: Sayonara Lino é jornalista, com especialização em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora e atualmente finaliza nova especialização em Televisão, Cinema e Mídias Digitais, pela mesma instituição. É colunista do Literário e também do Sorocult.com.
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